Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos fecham delação premiada - OGLOBO
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Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos fecham delação premiada - OGLOBO
Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos
fecham delação premiada
fecham delação premiada
Segundo investigadores, colaboração vai envolver integrantes do governo e da oposição
[size=14]POR JAILTON DE CARVALHO
25/10/2016 4:30 / atualizado 25/10/2016 9:20
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Delator. Marcelo Odebrecht, ao ser preso pela Lava-Jato, em julho de 2015: propina para todos os grandes partidos - Geraldo Bubniak/25-07-2015
BRASÍLIA — Está fechado o acordo entre Marcelo Odebrecht e os procuradores da Operação
Lava-Jato para que o empreiteiro possa fazer sua delação premiada, informou ao GLOBO uma
pessoa vinculada às investigações. Também já foram fechados os acordos de delação de mais
de 50 executivos e funcionários da maior empreiteira do país.
Outros acordos ainda estão pendentes de acertos finais entre investigadores e investigados.
Após oito meses de negociações, será a maior série de acordos de delação já firmada no país.
Segundo uma fonte, os acordos, incluindo o do o ex-presidente da Odebrecht, estão um tom
abaixo da expectativa dos procuradores, mas ainda assim, são abrangentes. Para pessoas
com acesso à investigação, as acusações atingem “de forma democrática” líderes de todos
os grandes partidos que estão no governo ou na oposição.
No caixa dois da Odebrecht não havia distinção partidária ou ideológica, diz essa fonte.
A regra era exercer o pragmatismo na guerra pelos melhores contratos com
a administração pública.
— Não vai ser o fim do mundo, mas são informações suficientes para colocar o sistema
político em xeque — resume um dos envolvidos nas tratativas entre investigados,
advogados e força-tarefa.
Os acordos de delação darão um novo impulso à Lava-Jato, mas já criaram um problema
estrutural para o Ministério Público Federal. Dez investigadores estão destacados para
interrogar mais de 50 delatores.
Um número, ainda não confirmado, indica a existência
de 68 delatores. A tarefa é considerada longa e árdua. Pelos padrões da Lava-Jato, um
delator nunca presta menos que dez longos depoimentos.
Alguns são chamados para prestar esclarecimentos mais de 50 vezes. Ou seja, não se
sabe ainda quantos depoimentos cada investigador terá que conduzir.
Na falta de mão de obra, os delatores serão colocados numa fila. Eles serão ouvidos conforme
sua relevância na hierarquia da propina. Ocupantes de cargos importantes deverão ser
interrogados primeiro. Os interrogatórios serão feitos em Curitiba, onde Marcelo Odebrecht
está preso, e também em Brasília, São Paulo e Salvador.
Diferentemente do que ocorreu na primeira fase dos acordos firmados em Curitiba, desta
vez os delatores deverão apresentar detalhes sobre corrupção em obras federais e estaduais.
O que torna o trabalho ainda mais complicado.
Os depoimentos dos delatores serão complementados com informações do Departamento
de Operações Estruturadas, o chamado departamento da propina da Odebrecht.
Nos arquivos do departamento, criado para facilitar o pagamento de suborno, estão e-mails
e outros registros de conversas entre os operadores das propinas.
Os investigadores já abriram um dos sistemas. Agora, estão tentando abrir o segundo sistema,
este mais exclusivo, onde estariam o registro das negociações mais delicadas.
Os acordos foram fechados há mais de duas semanas, depois de exaustivas negociações,
e deverão ser assinados ao fim dos depoimentos, que devem ser concluídos entre o fim
deste ano e o início de 2017. Só depois de homologados é que darão base a novos pedidos
de inquérito e, então, à fase mais impactante da Lava-Jato desde o início das investigações,
em março de 2014.
As delações da Odebrecht terão reflexo também sobre outros acordos de delação já homologados pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Está praticamente certo que alguns empreiteiros, entre eles Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, serão chamados para prestar novos depoimentos sobre casos de corrupção deliberadamente omitidos ao Ministério Público. Se for constatada má-fé, poderão perder parte ou até mesmo todos os benefícios que receberam.
Os delatores deverão falar também sobre corrupção no período anterior ao primeiro mandato do ex-presidente Lula. Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, também foi chamado e está colaborando com as investigações. Ele teria tido participação decisiva nos momentos de definição do alcance dos acordos. Emílio era um dos principais interlocutores da empreiteira junto a Lula.
Na fase preliminar das negociações do acordo, Marcelo Odebrecht e outros executivos citaram pelo menos 130 deputados, senadores e ministros e 20 governadores e ex-governadores. Entre os nomes citados estão o do presidente Michel Temer, e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), José Serra (Relações Exteriores) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
Também foram mencionados o ex-ministro Antonio Palocci (que assumiu a Fazenda na gestão do ex-presidente Lula e a Casa Civil no governo Dilma Rousseff) e Guido Mantega (Fazenda, nos mandatos de Lula e Dilma).
Executivos também relataram pagamentos indevidos ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso desde semana passada em Curitiba.
No começo das negociações, os executivos da Odebrecht queriam delatar Palocci, Guido e Cunha, e encerrar o caso. A proposta foi considerada irrisória pela força-tarefa. Os três já estavam sendo alvos de investigações. Em rodadas posteriores, os executivos decidiram abrir o leque de políticos a serem delatados.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/marcelo-odebrecht-mais-50-executivos-fecham-delacao-premiada-20350831#ixzz4O62GEzC5
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