Empreiteiro explica que propina ia para campanhas via diretório
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Empreiteiro explica que propina ia para campanhas via diretório
Empreiteiro explica que propina ia para campanhas via diretório
POR RICARDO BRANDT, FAUSTO MACEDO E JULIA AFFONSO
10/11/2015, 20h14
Ricardo Pessoa detalhou ao juiz da Lava Jato que UTC Engenharia repassou
R$ 20 milhões ao PT via Vaccari entre 2004 e 2014; doações eleitorais eram
tratadas com candidatos e não eram condicionadas a contratos, mas
envolviam caixa 2 e interesses em negócios
Ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi criminalmente acusado por levar propinas
ao partido. Foto: André Dusek/Estadão
O dono da UTC Engenharia, Ricardo Ribeiro Pessoa, afirmou à Justiça Federal
nesta segunda-feira, 9, que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto era quem
distribuía internamente a propina da Petrobrás para candidatos nas disputas
eleitorais. Primeiro grande executivo a se tornar delator da Lava Jato, ele voltou
a apontar o pagamento de cerca de R$ 20 milhões ao partido entre 2004 e 2014,
sendo que R$ 3,5 milhões desses em dinheiro vivo, via caixa 2, e o restante
por doações oficiais.
“A decisão era dele (Vaccari), eu botava no partido”, afirmou Pessoa ao ser
questionado pelo juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava Jato,
em processo envolvendo propina paga ao ex-ministro José Dirceu, Vaccari
e o ex-diretor da Petrobrás sustentado pelo partido Renato Duque. Segundo
ele, os valores eram repassados via diretório nacional.
Em sua delação premiada, Pessoa revelou à força-tarefa da Lava Jato, em maio
deste ano, que “as doações políticas são feitas para que se obtenha uma
vantagem, seja ele devida ou indevida, seja para que partido for.”
Moro mostrou ao delator duas tabelas entregues por ele na delação, que seriam
os registros dos R$ 20 milhões pagos ao PT referentes aos contratos da Petrobrás.
O valor, segundo Pessoa, era referente à propina acertada com Vaccari e Duque
em relação às obras da Petrobrás. Uma tabela seria o registro de R$ 3,6 milhões
pagos em dinheiro vivo ao partido, por intermédio do ex-tesoureiro, e o restante
“em doações oficiais”.
O juiz quis saber se todas as doações oficiais foram pagas com recursos de propina
ou se havia uma diferenciação. “Na época de campanha as contribuições de
campanha não tinham nada a ver com propina, eram contribuições de campanha
mesmo. O restante não, o restante era como se pagava a comissão da propina
da Petrobrás.”
https://youtu.be/hudKA3UczT8?list=PLLjnnzVPbUOlLnLCKetAYW4GMPdIUBJm4
Moro insistiu para que Pessoa explicasse se no caso de doações eleitorais
de campanha havia vinculação direta com os contratos da Petrobrás. “Na época
de campanha o senhor não fez doações em decorrência desses acertos?”
“Vinculada não, não senhor. Não porque as doações de campanha vinham
geralmente com pedidos específicos para os candidatos. O Vaccari também,
às vezes, pedia doação de campanha e não vinculava a isso (acertos da Petrobrás)”.
Moro perguntou: “As doações que o sr fazia oficiais envolvendo esses valores
de propina não eram então para políticos específicos?”
Pessoa – “Não, a decisão era dele, eu botava no partido.”
“No diretório… ?”, perguntou o magistrado.
“Diretório nacional, geralmente diretório nacional.”
Caixa 2. Um dos coordenadores do cartel de empreiteiras acusado
na Lava Jato, Ricardo Pessoa revelou em sua delação que mesmo as
doações feitas para candidatos eram relacionadas ao caixa 2 da UTC
– que tem como principal cliente a Petrobrás.
“Nunca foi pedido nada em troca, mas as doações abriram portas de
acesso e colocavam a UTC em uma composição de destaque.” Segundo
Pessoa, “os candidatos em geral sabiam que em futuras eleições o apoio
do declarante seria importante e isto fazia com que ele tivesse uma
forma de ‘poder’.
Só na campanha de 2014, Pessoa listou o repasse de R$ 54 milhões
em doações – valor acima da média de R$ 20 milhões feitas até então.
A força-tarefa quis saber qual a relação entre o aumento de doações
é os novos negócios e o delator explicou que “o relacionamento com
autoridades eleitas propicia a abertura de portas para que você tenha
legitimidade para propor e discutir oportunidade de negócios”.
No termo de delação número 28, assinado com a PGR, Pessoa explica que
usou o “caixa 2″ da UTC para fazer “doações políticas”. “Os candidatos
em geral sabiam que em futuras eleições o apoio do declarante seria
importante e isto fazia com que ele tivesse uma forma de ‘poder'”,
registrou a força-tarefa.
Um dos casos que ele cita é a campanha de governador de São Paulo
do atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, pelo PT, em 2010.
Ele relata um encontro na casa do então candidato, no bairro Alto de
Pinheiros, em São Paulo, onde estavam, além dos dois, Emídio de Souza,
que era o coordenador da campanha petista, e João Santana, o presidente
da Constran – comprada pela UTC em 2010.
“Ficou acertado que a doação seria de R$ 500 mil”, diz Pessoa.
“Emídio solicitou ao declarante que fizesse a doação oficial no valor
de R$ 250 mil e o restante fosse dado em espécie.”
O delator acrescentou que “os R$ 250 mil dados em espécie saiu do caixa
2 do grupo UTC”.
“Esses valores de caixa 2 foram viabilizados por meio do escritório de advocacia
Roberto Trombeta”, explicou Pessoa. Trombeta é um dos novos delatores da
Lava Jato, que admitiu atuar na emissão de notas por falsos serviços que
cobriram movimentação de propina no esquema alvo da Lava Jato.
Além da UTC, ele teria atuado para outras empreiteiras do cartel, como a OAS.
“Aloizio Mercadante presenciou o pedido de pagamento da parcela em espécie
mas não fez nenhum comentário”.
Pessoa deu outro exemplo de doação para campanha, ao mencionar visita
que fez em 2010 ao candidato ao governo de Minas Helio Costa, em seu
escritório político situado em Belo Horizonte.
“Quem fez a intermediação foi o captador de recursos para a campanha de
Helio Costa, cujo nome não se recorda sabendo apenas que o sobrenome
era Guimarães. “Foi acertada a doação de R$ 500 mil; que Guimarães
solicitou que a doação fosse feita da seguinte forma: R$ 250 mil de forma
oficia e outros R$ 250 mil em espécie.
Pessoa disse que o candidato Hélio Costa presenciou a tratativa.
O dono da UTC reconheceu em foto apresentada pela Procuradoria de Ivan
Guimarães, como sendo o assessor de Helio Costa que acertou a doação,
ser a mesma pessoa. Guimarães foi presidente do Banco Popular.
O valor foi efetivamente repassado e que também era proveniente do “caixa 2″
da empreiteira e também foi operacionalizado por Trombeta.
Mercadante e Costa têm negado qualquer irregularidade em suas arrecadações
de campanha e envolvimento no esquema alvo da Lava Jato
POR RICARDO BRANDT, FAUSTO MACEDO E JULIA AFFONSO
10/11/2015, 20h14
Ricardo Pessoa detalhou ao juiz da Lava Jato que UTC Engenharia repassou
R$ 20 milhões ao PT via Vaccari entre 2004 e 2014; doações eleitorais eram
tratadas com candidatos e não eram condicionadas a contratos, mas
envolviam caixa 2 e interesses em negócios
Ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi criminalmente acusado por levar propinas
ao partido. Foto: André Dusek/Estadão
O dono da UTC Engenharia, Ricardo Ribeiro Pessoa, afirmou à Justiça Federal
nesta segunda-feira, 9, que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto era quem
distribuía internamente a propina da Petrobrás para candidatos nas disputas
eleitorais. Primeiro grande executivo a se tornar delator da Lava Jato, ele voltou
a apontar o pagamento de cerca de R$ 20 milhões ao partido entre 2004 e 2014,
sendo que R$ 3,5 milhões desses em dinheiro vivo, via caixa 2, e o restante
por doações oficiais.
“A decisão era dele (Vaccari), eu botava no partido”, afirmou Pessoa ao ser
questionado pelo juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava Jato,
em processo envolvendo propina paga ao ex-ministro José Dirceu, Vaccari
e o ex-diretor da Petrobrás sustentado pelo partido Renato Duque. Segundo
ele, os valores eram repassados via diretório nacional.
Em sua delação premiada, Pessoa revelou à força-tarefa da Lava Jato, em maio
deste ano, que “as doações políticas são feitas para que se obtenha uma
vantagem, seja ele devida ou indevida, seja para que partido for.”
Moro mostrou ao delator duas tabelas entregues por ele na delação, que seriam
os registros dos R$ 20 milhões pagos ao PT referentes aos contratos da Petrobrás.
O valor, segundo Pessoa, era referente à propina acertada com Vaccari e Duque
em relação às obras da Petrobrás. Uma tabela seria o registro de R$ 3,6 milhões
pagos em dinheiro vivo ao partido, por intermédio do ex-tesoureiro, e o restante
“em doações oficiais”.
O juiz quis saber se todas as doações oficiais foram pagas com recursos de propina
ou se havia uma diferenciação. “Na época de campanha as contribuições de
campanha não tinham nada a ver com propina, eram contribuições de campanha
mesmo. O restante não, o restante era como se pagava a comissão da propina
da Petrobrás.”
https://youtu.be/hudKA3UczT8?list=PLLjnnzVPbUOlLnLCKetAYW4GMPdIUBJm4
Moro insistiu para que Pessoa explicasse se no caso de doações eleitorais
de campanha havia vinculação direta com os contratos da Petrobrás. “Na época
de campanha o senhor não fez doações em decorrência desses acertos?”
“Vinculada não, não senhor. Não porque as doações de campanha vinham
geralmente com pedidos específicos para os candidatos. O Vaccari também,
às vezes, pedia doação de campanha e não vinculava a isso (acertos da Petrobrás)”.
Moro perguntou: “As doações que o sr fazia oficiais envolvendo esses valores
de propina não eram então para políticos específicos?”
Pessoa – “Não, a decisão era dele, eu botava no partido.”
“No diretório… ?”, perguntou o magistrado.
“Diretório nacional, geralmente diretório nacional.”
Caixa 2. Um dos coordenadores do cartel de empreiteiras acusado
na Lava Jato, Ricardo Pessoa revelou em sua delação que mesmo as
doações feitas para candidatos eram relacionadas ao caixa 2 da UTC
– que tem como principal cliente a Petrobrás.
“Nunca foi pedido nada em troca, mas as doações abriram portas de
acesso e colocavam a UTC em uma composição de destaque.” Segundo
Pessoa, “os candidatos em geral sabiam que em futuras eleições o apoio
do declarante seria importante e isto fazia com que ele tivesse uma
forma de ‘poder’.
Só na campanha de 2014, Pessoa listou o repasse de R$ 54 milhões
em doações – valor acima da média de R$ 20 milhões feitas até então.
A força-tarefa quis saber qual a relação entre o aumento de doações
é os novos negócios e o delator explicou que “o relacionamento com
autoridades eleitas propicia a abertura de portas para que você tenha
legitimidade para propor e discutir oportunidade de negócios”.
No termo de delação número 28, assinado com a PGR, Pessoa explica que
usou o “caixa 2″ da UTC para fazer “doações políticas”. “Os candidatos
em geral sabiam que em futuras eleições o apoio do declarante seria
importante e isto fazia com que ele tivesse uma forma de ‘poder'”,
registrou a força-tarefa.
Um dos casos que ele cita é a campanha de governador de São Paulo
do atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, pelo PT, em 2010.
Ele relata um encontro na casa do então candidato, no bairro Alto de
Pinheiros, em São Paulo, onde estavam, além dos dois, Emídio de Souza,
que era o coordenador da campanha petista, e João Santana, o presidente
da Constran – comprada pela UTC em 2010.
“Ficou acertado que a doação seria de R$ 500 mil”, diz Pessoa.
“Emídio solicitou ao declarante que fizesse a doação oficial no valor
de R$ 250 mil e o restante fosse dado em espécie.”
O delator acrescentou que “os R$ 250 mil dados em espécie saiu do caixa
2 do grupo UTC”.
“Esses valores de caixa 2 foram viabilizados por meio do escritório de advocacia
Roberto Trombeta”, explicou Pessoa. Trombeta é um dos novos delatores da
Lava Jato, que admitiu atuar na emissão de notas por falsos serviços que
cobriram movimentação de propina no esquema alvo da Lava Jato.
Além da UTC, ele teria atuado para outras empreiteiras do cartel, como a OAS.
“Aloizio Mercadante presenciou o pedido de pagamento da parcela em espécie
mas não fez nenhum comentário”.
Pessoa deu outro exemplo de doação para campanha, ao mencionar visita
que fez em 2010 ao candidato ao governo de Minas Helio Costa, em seu
escritório político situado em Belo Horizonte.
“Quem fez a intermediação foi o captador de recursos para a campanha de
Helio Costa, cujo nome não se recorda sabendo apenas que o sobrenome
era Guimarães. “Foi acertada a doação de R$ 500 mil; que Guimarães
solicitou que a doação fosse feita da seguinte forma: R$ 250 mil de forma
oficia e outros R$ 250 mil em espécie.
Pessoa disse que o candidato Hélio Costa presenciou a tratativa.
O dono da UTC reconheceu em foto apresentada pela Procuradoria de Ivan
Guimarães, como sendo o assessor de Helio Costa que acertou a doação,
ser a mesma pessoa. Guimarães foi presidente do Banco Popular.
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