Empreiteiro diz que fez caixa dois de R$ 176 milhões para pagar propina
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Empreiteiro diz que fez caixa dois de R$ 176 milhões para pagar propina
[size=40]Empreiteiro diz que fez caixa dois de R$ 176 milhões para pagar propina[/size]
MARIO CESAR CARVALHO
GRACILIANO ROCHA
BELA MEGALE
FELIPE BÄCHTOLD
DE SÃO PAULO
17/09/2015 21h22
Apontado como o chefe do cartel das empresas que atuavam na Petrobras, o empreiteiro
Ricardo Pessoa, dono da UTC e da Constran, revelou em acordo de delação premiada
que as suas duas empresas geraram um caixa dois de pelo R$ 176 milhões para pagar
propina entre 2002 e 2014, segundo contas feitas pela Folha a partir de notas fiscais
entregues pelo delator.
O caixa dois foi gerado por meio de contratações simuladas de serviços de terraplenagem,
de advocacia e de consultoria.
O esquema funciona de duas maneiras diferentes, segundo o empresário: com os serviços
de terraplenagem, não havia prestação de serviços e o valor pago era devolvido para as
empresas de Pessoa. Já os contratos com o escritório de advocacia eram superfaturados
e o valor a mais retornava em forma de dinheiro para a UTC e a Constran pagar suborno.
O empresário Adir Assad e o advogado Roberto Trombeta, segundo o empreiteiro, forneciam
as notas fiscais para que as duas empresas de Pessoa tivessem dinheiro em espécie no
caixa dois para pagar suborno.
Assad foi preso pela Operação Lava Jato em março sob acusação de lavagem de dinheiro.
Já Trombeta fez um acordo de delação para evitar ser preso e se comprometeu a contar
o que sabe em troca de uma pena menor, conforme aFolha revelou no último mês.
O escritório de Trombeta prestava serviços tributários à UTC e à Constran há 15 anos,
de acordo com Pessoa.
Uma das empresas de Assad, chamada S.M. Terraplenagem, foi responsável pela geração
de notas frias no valor de R$ 54,1 milhões entre 2007 e 2011, de acordo com uma
planilha entregue por Pessoa aos procuradores e policiais federais.
Outra firma de Assad, a Rock Star, que deveria atuar na área de marketing de corridas
de carros da categoria "stock car", forneceu notas fictícias a Pessoa no valor
de R$ 23,4 milhões.
Só por conta das notas falsas emitidas por essas duas empresas de Assad, o empresário
disse ter sido autuado em R$ 136 milhões pela Receita Federal, ainda de acordo com
Pessoa.
PROPINA DE R$ 10 MI
O empresário relatou também que pagou R$ 10 milhões em propina ao ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa e ao deputado federal José Janene (PP-PR) por conta do contrato com
a estatal para ampliar e modernizar a Repar (Refinaria Getúlio xxxxxxx), que fica na região
metropolitana de Curitiba (PR).
Janene, que morreu em 2010 de infarto, foi o político que
indicou Costa para o cargo, no início da primeira gestão do presidente Lula, em 2004.
A UTC dividiu a obra em consórcio integrado pela Odebrecht e OAS. Pessoa diz que as duas
empresas também se comprometeram a pagar R$ 10 milhões de suborno por causa do
contrato dessa refinaria, mas afirmou que não sabe se os valores foram entregues.
O ex-diretor da Odebrecht Márcio Faria e o ex-diretor da OAS Agenor Medeiros ficaram
encarregados de repassar o suborno a Costa e ao PP.
O doleiro Alberto Youssef, que também fez um acordo de delação premiada, disse que
pagou propina no valor de R$ 10 milhões para Janene por ordem da Odebrecht.
Segundo Youssef, o valor total da propina na refinaria do Paraná seria de R$ 20 milhões.
OUTRO LADO
A Odebrecht, líder do consórcio da Repar, não emitiu comentários sobre as afirmações de Pessoa sobre o suposto pagamento de R$ 10 milhões de suborno. Por meio de nota, a companhia afirmou que As manifestações das defesas do presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, e dos ex-executivos se darão nos autos do processo.
A Folha não conseguiu ouvir nenhum representante ou advogado da OAS, a terceira integrante do consórcio, na noite desta quinta (17).
Em ocasiões anteriores e nos autos, advogados dos executivos do grupo refutam as alegações de que tenha integrado cartel ou pago suborno em troca de obras na Petrobras.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1683215-empreiteiro-diz-que-fez-caixa-dois-de-r-176-milhoes-para-pagar-propina.shtml
Renato Costa/Frame/Folhapress | ||
O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e delator na Operação Lava Jato |
GRACILIANO ROCHA
BELA MEGALE
FELIPE BÄCHTOLD
DE SÃO PAULO
17/09/2015 21h22
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Apontado como o chefe do cartel das empresas que atuavam na Petrobras, o empreiteiro
Ricardo Pessoa, dono da UTC e da Constran, revelou em acordo de delação premiada
que as suas duas empresas geraram um caixa dois de pelo R$ 176 milhões para pagar
propina entre 2002 e 2014, segundo contas feitas pela Folha a partir de notas fiscais
entregues pelo delator.
O caixa dois foi gerado por meio de contratações simuladas de serviços de terraplenagem,
de advocacia e de consultoria.
O esquema funciona de duas maneiras diferentes, segundo o empresário: com os serviços
de terraplenagem, não havia prestação de serviços e o valor pago era devolvido para as
empresas de Pessoa. Já os contratos com o escritório de advocacia eram superfaturados
e o valor a mais retornava em forma de dinheiro para a UTC e a Constran pagar suborno.
O empresário Adir Assad e o advogado Roberto Trombeta, segundo o empreiteiro, forneciam
as notas fiscais para que as duas empresas de Pessoa tivessem dinheiro em espécie no
caixa dois para pagar suborno.
Assad foi preso pela Operação Lava Jato em março sob acusação de lavagem de dinheiro.
Já Trombeta fez um acordo de delação para evitar ser preso e se comprometeu a contar
o que sabe em troca de uma pena menor, conforme aFolha revelou no último mês.
O escritório de Trombeta prestava serviços tributários à UTC e à Constran há 15 anos,
de acordo com Pessoa.
Uma das empresas de Assad, chamada S.M. Terraplenagem, foi responsável pela geração
de notas frias no valor de R$ 54,1 milhões entre 2007 e 2011, de acordo com uma
planilha entregue por Pessoa aos procuradores e policiais federais.
Outra firma de Assad, a Rock Star, que deveria atuar na área de marketing de corridas
de carros da categoria "stock car", forneceu notas fictícias a Pessoa no valor
de R$ 23,4 milhões.
Só por conta das notas falsas emitidas por essas duas empresas de Assad, o empresário
disse ter sido autuado em R$ 136 milhões pela Receita Federal, ainda de acordo com
Pessoa.
PROPINA DE R$ 10 MI
O empresário relatou também que pagou R$ 10 milhões em propina ao ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa e ao deputado federal José Janene (PP-PR) por conta do contrato com
a estatal para ampliar e modernizar a Repar (Refinaria Getúlio xxxxxxx), que fica na região
metropolitana de Curitiba (PR).
Janene, que morreu em 2010 de infarto, foi o político que
indicou Costa para o cargo, no início da primeira gestão do presidente Lula, em 2004.
A UTC dividiu a obra em consórcio integrado pela Odebrecht e OAS. Pessoa diz que as duas
empresas também se comprometeram a pagar R$ 10 milhões de suborno por causa do
contrato dessa refinaria, mas afirmou que não sabe se os valores foram entregues.
O ex-diretor da Odebrecht Márcio Faria e o ex-diretor da OAS Agenor Medeiros ficaram
encarregados de repassar o suborno a Costa e ao PP.
O doleiro Alberto Youssef, que também fez um acordo de delação premiada, disse que
pagou propina no valor de R$ 10 milhões para Janene por ordem da Odebrecht.
Segundo Youssef, o valor total da propina na refinaria do Paraná seria de R$ 20 milhões.
OUTRO LADO
A Odebrecht, líder do consórcio da Repar, não emitiu comentários sobre as afirmações de Pessoa sobre o suposto pagamento de R$ 10 milhões de suborno. Por meio de nota, a companhia afirmou que As manifestações das defesas do presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, e dos ex-executivos se darão nos autos do processo.
A Folha não conseguiu ouvir nenhum representante ou advogado da OAS, a terceira integrante do consórcio, na noite desta quinta (17).
Em ocasiões anteriores e nos autos, advogados dos executivos do grupo refutam as alegações de que tenha integrado cartel ou pago suborno em troca de obras na Petrobras.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1683215-empreiteiro-diz-que-fez-caixa-dois-de-r-176-milhoes-para-pagar-propina.shtml
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