Delator diz que voava com secretário do PT para distribuir propinas
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Delator diz que voava com secretário do PT para distribuir propinas
Delator diz que voava com secretário
do PT para distribuir propinas
22 Setembro 2015 | 19:23
Silvio Pereira. Foto: Jamil Bittar/Reuters
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso, Mateus Coutinho
e Fausto Macedo
Em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, o empresário Fernando Moura, lobista
do PT na Petrobrás e amigo do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula), revelou que propina
supostamente paga pela empresa Hope Recursos Humanos foi destinada a campanhas do partido nas
eleições municipais em 2004.
Segundo o empresário, 2% do contrato entre Hope e Petrobrás iam para o Diretórios Regionais
da legenda e 1% ia para ele próprio.
TERMO3
Fernando Moura foi preso no dia 3 de agosto na Operação Pixuleco, 17ª fase da Lava Jato, que pegou também
o ex-ministro Dirceu. Em troca de benefícios, o empresário fechou acordo de delação premiada, homologado nesta
segunda-feira, 21, pelo juiz federal Sérgio Moro.
Em um trecho de sua delação, o lobista citou o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. “A parte do dinheiro destinada
ao Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores era entregue em espécie e depois era distribuída para
as campanhas; que o declarante chegou a voar com Silvio Pereira para levar dinheiro para as campanhas municipais;
que nessa viagem Silvio entregou quantias em espécie para representantes dos Diretórios Regionais do Rio de Janeiro,
de Vitória e de Fortaleza; que o dinheiro nunca ia direto das empresas para os Diretórios Regionais, eram operações
distintas”, declarou Fernando Moura.
+ As revelações do lobista do PT
O novo delator contou à força-tarefa que, ao final de 2003, seu irmão Olavo Moura o procurou pedindo para que
ajudasse ‘um amigo seu com quem havia trabalhado na Secretaria Estadual da Saúde, chamado Rogério Penha da
Silva’. De acordo com Fernando Moura, seu irmão disse que Rogério Penha da Silva estava trabalhando com uma
empresa de serviços que tinha um contrato com a Petrobrás na ordem de R$ 10 milhões.
“Que o declarante procurou Renato Duque para saber se existia a possibilidade de ajudar o amigo do Olavo; que Duque
lhe disse que ajudaria, mas que o declarante deveria se preocupar com negócios do tamanho da Petrobrás e não com
coisa ‘miúda'; que foi nesse momento que o declarante avalizou a empresa Hope Recursos Humanos para Renato Duque
e tal empresa renovou o contrato, que saiu de RS 10 milhões para RS 40 milhões”, disse Fernando Moura.
“Naquela época o porcentual pelo negócio era de 3% , sendo que desse porcentual dois terços, ou seja, 2% eram revertidos
diretamente para o Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores para custear as campanhas municipais que
aconteceriam naquele ano de 2004 e a diferença 1% era só para o declarante, porque, segundo Renato Duque,
o negócio era pequeno demais”, relatou o delator.
Fernando Moura afirmou que Rogério Penha da Silva não era sócio da Hope, e, ao perceber que o negócio desta empresa
havia dado certo, seis meses depois o procurou para apresentar uma outra empresa concorrente, a Personal.
O empresário delatou que levou a nova indicação a Duque, ‘que comprou a ideia e também passou a aumentar
gradativamente o contrato da Personal’.
Em sua delação, Moura citou outro lobista que desfrutava de portas abertas na Diretoria de Serviços da Petrobrás,
Milton Pascowitch – pivô da prisão do ex-ministro Dirceu.
“O negócio só ficou pequeno naquele primeiro período,
porque depois que Milton Pascowitch assumiu o controle da operação, o contrato de R$ 40 milhões se transformou
em um contrato de R$ 300 milhões e o declarante (Moura) deixou de ter um porcentual de participação no novo
contrato porque passou a ser “carta fora do baralho”.”
Segundo Moura, ‘essa transformação “da água para o vinho” não foi obra do acaso’. O empresário afirmou que
as empresas tinham o mesmo lobista – Rogério Penha da Silva- e ambas disputavam o mesmo segmento na Petrobrás.
“Com tais informações, Milton Pascowitch, que sempre foi muito habilidoso, organizou o “cartel” e passou a distribuir
os contratos de serviços da Petrobrás entre as duas empresas, gerando um faturamento dez vezes maior para cada uma
delas; que o declarante pode afirmar que o arranjo também contemplou a participação societária de Rogério, uma vez
que ele não era sócio da Hope na época em que pediu ajuda para o declarante; que depois do arranjo entabulado
por Milton, Rogério passou a ser sócio da empresa; que não é verdade que a Hope pagava só R$ 500 mil mensais
quando Milton Pascowitch operava o esquema; que se o contrato era de R$ 300 milhões, eles recebiam algo em
torno de R$ 9 milhões pelo contrato e o valor mensal é bem maior do que o declarado por Milton.”
COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOSÉ DIRCEU
“A defesa de José Dirceu avalia que o conteúdo da delação de Fernando Moura só corrobora o argumento de
que ex-ministro não teve qualquer ascendência na indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços
da Petrobras.”
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/delator-diz-que-voava-com-secretario-do-pt-para-distribuir-propinas/
Tags: eleições, operação Lava Jato
do PT para distribuir propinas
22 Setembro 2015 | 19:23
Fernando Moura, lobista do partido, declarou à força-tarefa da Lava Jato
que viajava na companhia do então secretário-geral do PT, Silvio Pereira,
para entregar dinheiro vivo nos diretórios regionais da legenda nas eleições
municipais de 2004
Silvio Pereira. Foto: Jamil Bittar/Reuters
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso, Mateus Coutinho
e Fausto Macedo
Em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, o empresário Fernando Moura, lobista
do PT na Petrobrás e amigo do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula), revelou que propina
supostamente paga pela empresa Hope Recursos Humanos foi destinada a campanhas do partido nas
eleições municipais em 2004.
Segundo o empresário, 2% do contrato entre Hope e Petrobrás iam para o Diretórios Regionais
da legenda e 1% ia para ele próprio.
TERMO3
Fernando Moura foi preso no dia 3 de agosto na Operação Pixuleco, 17ª fase da Lava Jato, que pegou também
o ex-ministro Dirceu. Em troca de benefícios, o empresário fechou acordo de delação premiada, homologado nesta
segunda-feira, 21, pelo juiz federal Sérgio Moro.
Em um trecho de sua delação, o lobista citou o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. “A parte do dinheiro destinada
ao Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores era entregue em espécie e depois era distribuída para
as campanhas; que o declarante chegou a voar com Silvio Pereira para levar dinheiro para as campanhas municipais;
que nessa viagem Silvio entregou quantias em espécie para representantes dos Diretórios Regionais do Rio de Janeiro,
de Vitória e de Fortaleza; que o dinheiro nunca ia direto das empresas para os Diretórios Regionais, eram operações
distintas”, declarou Fernando Moura.
+ As revelações do lobista do PT
O novo delator contou à força-tarefa que, ao final de 2003, seu irmão Olavo Moura o procurou pedindo para que
ajudasse ‘um amigo seu com quem havia trabalhado na Secretaria Estadual da Saúde, chamado Rogério Penha da
Silva’. De acordo com Fernando Moura, seu irmão disse que Rogério Penha da Silva estava trabalhando com uma
empresa de serviços que tinha um contrato com a Petrobrás na ordem de R$ 10 milhões.
“Que o declarante procurou Renato Duque para saber se existia a possibilidade de ajudar o amigo do Olavo; que Duque
lhe disse que ajudaria, mas que o declarante deveria se preocupar com negócios do tamanho da Petrobrás e não com
coisa ‘miúda'; que foi nesse momento que o declarante avalizou a empresa Hope Recursos Humanos para Renato Duque
e tal empresa renovou o contrato, que saiu de RS 10 milhões para RS 40 milhões”, disse Fernando Moura.
“Naquela época o porcentual pelo negócio era de 3% , sendo que desse porcentual dois terços, ou seja, 2% eram revertidos
diretamente para o Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores para custear as campanhas municipais que
aconteceriam naquele ano de 2004 e a diferença 1% era só para o declarante, porque, segundo Renato Duque,
o negócio era pequeno demais”, relatou o delator.
Fernando Moura afirmou que Rogério Penha da Silva não era sócio da Hope, e, ao perceber que o negócio desta empresa
havia dado certo, seis meses depois o procurou para apresentar uma outra empresa concorrente, a Personal.
O empresário delatou que levou a nova indicação a Duque, ‘que comprou a ideia e também passou a aumentar
gradativamente o contrato da Personal’.
Em sua delação, Moura citou outro lobista que desfrutava de portas abertas na Diretoria de Serviços da Petrobrás,
Milton Pascowitch – pivô da prisão do ex-ministro Dirceu.
“O negócio só ficou pequeno naquele primeiro período,
porque depois que Milton Pascowitch assumiu o controle da operação, o contrato de R$ 40 milhões se transformou
em um contrato de R$ 300 milhões e o declarante (Moura) deixou de ter um porcentual de participação no novo
contrato porque passou a ser “carta fora do baralho”.”
Segundo Moura, ‘essa transformação “da água para o vinho” não foi obra do acaso’. O empresário afirmou que
as empresas tinham o mesmo lobista – Rogério Penha da Silva- e ambas disputavam o mesmo segmento na Petrobrás.
“Com tais informações, Milton Pascowitch, que sempre foi muito habilidoso, organizou o “cartel” e passou a distribuir
os contratos de serviços da Petrobrás entre as duas empresas, gerando um faturamento dez vezes maior para cada uma
delas; que o declarante pode afirmar que o arranjo também contemplou a participação societária de Rogério, uma vez
que ele não era sócio da Hope na época em que pediu ajuda para o declarante; que depois do arranjo entabulado
por Milton, Rogério passou a ser sócio da empresa; que não é verdade que a Hope pagava só R$ 500 mil mensais
quando Milton Pascowitch operava o esquema; que se o contrato era de R$ 300 milhões, eles recebiam algo em
torno de R$ 9 milhões pelo contrato e o valor mensal é bem maior do que o declarado por Milton.”
COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOSÉ DIRCEU
“A defesa de José Dirceu avalia que o conteúdo da delação de Fernando Moura só corrobora o argumento de
que ex-ministro não teve qualquer ascendência na indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços
da Petrobras.”
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/delator-diz-que-voava-com-secretario-do-pt-para-distribuir-propinas/
Tags: eleições, operação Lava Jato
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