Delcídio usou jato no MS de empreiteiro investigado por corrupção (FOLHA SP)
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Delcídio usou jato no MS de empreiteiro investigado por corrupção (FOLHA SP)
Delcídio usou jato no MS de empreiteiro investigado por
corrupção (FOLHA SP)
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
06/12/2015 02h00
Preso sob acusação de tentar obstruir a Lava Jato, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS)
usou o jatinho de um empreiteiro de Campo Grande (MS) que é alvo de uma outra
operação da Polícia Federal.
O dono da aeronave usada por Delcídio é João Amorim, foco da investigação Lama Asfáltica,
suspeito de fraudar licitações, corrupção e compra de votos de vereadores.
Ele chegou a ficar cinco dias preso em setembro, mas foi liberado por um habeas corpus.
Localizado pela Folha, o piloto Gerson Mauro Martins, 50, confirmou ter levado Delcídio
a Florianópolis (SC), onde o parlamentar tem residência, em um jato Embraer pertencente
a Amorim e outro empresário, João Baird, investigado na mesma operação.
As viagens teriam ocorrido entre 2012 e início de 2014.
"Eu carreguei ele [senador] uma ou duas vezes, não foi mais que isso.
Fui a Floripa e vim embora.
E teve uma segunda, para buscá-lo, alguma coisa assim", disse o piloto.
O avião está em nome da Itel Informática, fornecedora do governo de Mato Grosso
do Sul, do qual recebeu, só em 2015, R$ 36 milhões. O dono da Itel, João Baird,
doou do próprio bolso R$ 650 mil para a campanha de Delcídio ao governo estadual
em 2014. A Itel doou R$ 450 mil.
O piloto Gerson Martins já prestou depoimento à PF. Ele disse que também já transportou
no mesmo jato o atual governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), um de seus
filhos, o ex-governador André Puccinelli (PMDB), o ex-prefeito de Campo Grande Nelson
Trad Filho (PMDB) e o ex-deputado federal Edson Giroto (PMDB), que até o início da
operação da PF era assessor especial do ministro dos Transportes, em Brasília.
Baird também doou à campanha de Puccinelli em 2010 (R$ 1,7 milhão)
e à de Azambuja em 2014 (R$ 200 mil).
O piloto não soube dizer se as viagens dos políticos foram remuneradas, mas confirmou
que o avião, avaliado em US$ 5 milhões, não se tratava de táxi aéreo, tendo sido
comprado por Amorim e Baird para "uso próprio".
O piloto calculou o custo de voo em R$ 15 por quilômetro. Por essa conta, o trecho
Campo Grande-Florianópolis ficaria por cerca de R$ 15 mil.
O advogado de Puccinelli, Renê Siufi, reconheceu que seu cliente usou o avião "duas
ou três vezes".
Mas ressaltou: "Não foi só ele que viajou no avião; até o governador eleito aqui do Estado
viajou, o filho dele também.
O pessoal viajava. Agora, por que só ele [Puccinelli] foi ouvido e o governador não foi ouvido?
Vou provocar a Procuradoria para que ouça o governador também", disse.
Trad Filho disse ter conhecimento de que outros políticos utilizavam o avião:
"Ao que nos consta, muita gente usava. Agora, não sou eu que vou falar [nomes]".
Ele disse que usou só após deixar a Prefeitura de Campo Grande.
Amorim é foco ainda de uma segunda operação, a Coffee Break, desencadeada pelo
Ministério Público a partir de documentos compartilhados pela PF.
Segundo a PF,Amorim "comanda uma organização criminosa que tem como atividade principal
conseguir o direcionamento de licitações e superfaturamento de obras públicas através
da corrupção de detentores de mandatos eletivos, de detentores de cargos
de confiança e de servidores públicos".
OUTRO LADO
A defesa de Delcídio do Amaral disse que não iria se manifestar sobre eventuais viagens
do senador no jato de João Amorim e João Baird.
Advogado de Amorim, Benedicto de Figueiredo Neto disse que não comenta pois
a investigação da Lama Asfáltica está sob segredo de Justiça.
O governador Reinaldo Azambuja e seu filho Rodrigo encaminharam certidão
do procurador-geral de Justiça do Estado, Humberto de Matos Brittes, segundo
a qual não há "nenhuma notícia [...] da prática de irregularidades ou ato de improbidade
administrativa que possam ser atribuídos ao atual governador" e ao seu filho.
A manifestação do procurador não esclarece se ambos usaram ou pagaram pelo uso
do avião. Questionada sobre isso, a assessoria de Azambuja informou que ele e o filho
negam ter utilizado o jatinho de Amorim.
O advogado Renê Siufi disse que o ex-governador André Puccinelli pagou do próprio
bolso as despesas dos voos de jatinho de Amorim.
O advogado de Edson Giroto, Valeriano Fontoura, disse que seu cliente usou o avião
quatro vezes, mas "sempre a trabalho". Disse que Giroto pagou as despesas com
os voos do próprio bolso.
Indagado o motivo pelo qual teria pago as despesas mesmo viajando a trabalho,
o advogado disse que foi uma opção do ex-deputado.
O ex-prefeito Nelson Trad Filho disse que não ocupava cargo público quando usou
o avião. O advogado de João Baird não foi localizado.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/12/1715476-delcidio-usou-jato-no-ms-de-empreiteiro-investigado-por-corrupcao.shtml
corrupção (FOLHA SP)
[size=10][size=10]Pedro Franca-26.fev.2014/Associated Press[/size][/size] | ||
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) na tribuna do Senado em 2014 |
DE BRASÍLIA
06/12/2015 02h00
Preso sob acusação de tentar obstruir a Lava Jato, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS)
usou o jatinho de um empreiteiro de Campo Grande (MS) que é alvo de uma outra
operação da Polícia Federal.
O dono da aeronave usada por Delcídio é João Amorim, foco da investigação Lama Asfáltica,
suspeito de fraudar licitações, corrupção e compra de votos de vereadores.
Ele chegou a ficar cinco dias preso em setembro, mas foi liberado por um habeas corpus.
Localizado pela Folha, o piloto Gerson Mauro Martins, 50, confirmou ter levado Delcídio
a Florianópolis (SC), onde o parlamentar tem residência, em um jato Embraer pertencente
a Amorim e outro empresário, João Baird, investigado na mesma operação.
As viagens teriam ocorrido entre 2012 e início de 2014.
"Eu carreguei ele [senador] uma ou duas vezes, não foi mais que isso.
Fui a Floripa e vim embora.
E teve uma segunda, para buscá-lo, alguma coisa assim", disse o piloto.
O avião está em nome da Itel Informática, fornecedora do governo de Mato Grosso
do Sul, do qual recebeu, só em 2015, R$ 36 milhões. O dono da Itel, João Baird,
doou do próprio bolso R$ 650 mil para a campanha de Delcídio ao governo estadual
em 2014. A Itel doou R$ 450 mil.
O piloto Gerson Martins já prestou depoimento à PF. Ele disse que também já transportou
no mesmo jato o atual governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), um de seus
filhos, o ex-governador André Puccinelli (PMDB), o ex-prefeito de Campo Grande Nelson
Trad Filho (PMDB) e o ex-deputado federal Edson Giroto (PMDB), que até o início da
operação da PF era assessor especial do ministro dos Transportes, em Brasília.
Baird também doou à campanha de Puccinelli em 2010 (R$ 1,7 milhão)
e à de Azambuja em 2014 (R$ 200 mil).
O piloto não soube dizer se as viagens dos políticos foram remuneradas, mas confirmou
que o avião, avaliado em US$ 5 milhões, não se tratava de táxi aéreo, tendo sido
comprado por Amorim e Baird para "uso próprio".
O piloto calculou o custo de voo em R$ 15 por quilômetro. Por essa conta, o trecho
Campo Grande-Florianópolis ficaria por cerca de R$ 15 mil.
O advogado de Puccinelli, Renê Siufi, reconheceu que seu cliente usou o avião "duas
ou três vezes".
Mas ressaltou: "Não foi só ele que viajou no avião; até o governador eleito aqui do Estado
viajou, o filho dele também.
O pessoal viajava. Agora, por que só ele [Puccinelli] foi ouvido e o governador não foi ouvido?
Vou provocar a Procuradoria para que ouça o governador também", disse.
Trad Filho disse ter conhecimento de que outros políticos utilizavam o avião:
"Ao que nos consta, muita gente usava. Agora, não sou eu que vou falar [nomes]".
Ele disse que usou só após deixar a Prefeitura de Campo Grande.
Amorim é foco ainda de uma segunda operação, a Coffee Break, desencadeada pelo
Ministério Público a partir de documentos compartilhados pela PF.
Segundo a PF,Amorim "comanda uma organização criminosa que tem como atividade principal
conseguir o direcionamento de licitações e superfaturamento de obras públicas através
da corrupção de detentores de mandatos eletivos, de detentores de cargos
de confiança e de servidores públicos".
OUTRO LADO
A defesa de Delcídio do Amaral disse que não iria se manifestar sobre eventuais viagens
do senador no jato de João Amorim e João Baird.
Advogado de Amorim, Benedicto de Figueiredo Neto disse que não comenta pois
a investigação da Lama Asfáltica está sob segredo de Justiça.
O governador Reinaldo Azambuja e seu filho Rodrigo encaminharam certidão
do procurador-geral de Justiça do Estado, Humberto de Matos Brittes, segundo
a qual não há "nenhuma notícia [...] da prática de irregularidades ou ato de improbidade
administrativa que possam ser atribuídos ao atual governador" e ao seu filho.
A manifestação do procurador não esclarece se ambos usaram ou pagaram pelo uso
do avião. Questionada sobre isso, a assessoria de Azambuja informou que ele e o filho
negam ter utilizado o jatinho de Amorim.
O advogado Renê Siufi disse que o ex-governador André Puccinelli pagou do próprio
bolso as despesas dos voos de jatinho de Amorim.
O advogado de Edson Giroto, Valeriano Fontoura, disse que seu cliente usou o avião
quatro vezes, mas "sempre a trabalho". Disse que Giroto pagou as despesas com
os voos do próprio bolso.
Indagado o motivo pelo qual teria pago as despesas mesmo viajando a trabalho,
o advogado disse que foi uma opção do ex-deputado.
O ex-prefeito Nelson Trad Filho disse que não ocupava cargo público quando usou
o avião. O advogado de João Baird não foi localizado.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/12/1715476-delcidio-usou-jato-no-ms-de-empreiteiro-investigado-por-corrupcao.shtml
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