Lava Jato pede condenação do amigo de Lula por corrupção BUMLAI
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Lava Jato pede condenação do amigo de Lula por corrupção BUMLAI
[size=65]Lava Jato pede condenação do amigo de Lula por corrupção[/size]
José Carlos Bumlai também é acusado de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta no polêmico episódio do empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin destinados ao PT em 2004
Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
20 Julho 2016 | 05h00
Pecuarista José Carlos Bumlai. FOTO: Rodolfo Buhrer/REUTERS/
A Procuradoria da República pediu a condenação do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, por lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e corrupção ao juiz federal Sérgio Moro.
Em alegações finais na ação sobre o polêmico empréstimo de R$ 12 milhões concedido pelo banco Schahin
a Bumlai, em outubro de 2004, valor direcionado ao PT, a força-tarefa do Ministério Público Federal pede
ainda a condenação de outros oito investigados na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato.
[size=32]Documento[/size]
- AS ALEGAÇÕES FINAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PDF
Também são acusados Salim Schahin, Milton Schahin e Fernando Schahin
– todos por corrupção ativa -, os três ligados ao banco Schahin, os ex-diretores
da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada –
estes por corrupção passiva -, o operador de propinas Fernando Falcão
Soares, o Fernando Baiano, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto –
estes dois também por corrupção passiva – e o filho de Bumlai, Mauricio
Bumlai, indiciado por lavagem de dinheiro.
Os crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição
financeira também são imputados ao empresário Salim Schahin
e ao filho de José Carlos Bumlai.
O Ministério Público Federal pediu absolvição de Maurício Bumlai do crime
de corrupção. Também pede a ‘suspensão do feito’ contra Eduardo Musa,
pela delação premiada por ele realizada.
Os procuradores pediram atenuante a Bumlai, por ter mais de 70 anos
e por sua confissão. Em dezembro de 2015, o pecuarista afirmou em
depoimento de mais de 6 horas à Polícia Federal que os R$ 12 milhões
que tomou de empréstimo junto ao Banco Schahin, em 2004, foram
destinados ao PT. Na ocasião, Bumlai apontou os nomes de dois ex-tesoureiros
do partido, Delúbio Soares e João Vaccari Neto, como envolvidos no
negócio.
Em troca do socorro prestado ao PT, o grupo Schahin teria
sido contemplado com um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar
o navio-sonda Vitória 10000 em 2009.
“A conduta social de José Carlos Bumlai deve ser valorada de forma
extremamente negativa, dado que para a consecução das ilicitudes por
ele perpetradas valia-se do nome do então presidente da República.
Independentemente de eventual responsabilidade criminal de Luiz Inácio
Lula da Silva, a utilização, por José Carlos Bumlai, para fins criminosos,
do nome do mais alto mandatário da República requer especial reprovação”,
anotam os procuradores nas alegações finais, a última etapa do processo
antes da sentença.
Os procuradores são taxativos. “As circunstâncias são fortemente negativas,
tendo em vista que o empréstimo concedido a José Carlos Bumlai arrecadou
valores para partido político fora das regras eleitorais, o que corrói o sistema
democrático, bem como existiu fraude na contratação da Schahin, com
a utilização de argumentos falsos e sem o devido procedimento licitatório,
além da utilização de sofisticado expediente de lavagem de ativos.”.
Bumlai foi preso preventivamente na Operação Passe Livre, em 24 de
novembro de 2015. Após descobrir um câncer, o pecuarista recebeu
autorização para se tratar em um hospital.
A força-tarefa requereu a Moro que seja mantida a custódia preventiva
de Bumlai, ‘determinando-se seu imediato recolhimento em estabelecimento
prisional, uma vez concluído o tratamento médico a que fora submetido’.
“Os motivos da prisão preventiva mantêm-se completamente hígidos,
mesmo após a prolação da sentença condenatória. Não há motivo, portanto,
para qualquer modificação da decisão que decretou a prisão de José Carlos
Bumlai.
Com o fim do período de tratamento médico de José Carlos Bumlai,
imperativo o retorno dele à prisão em estabelecimento penal. A prisão
domiciliar é incabível diante do risco às investigações em trâmite que
o envolvem”, sustenta a força-tarefa.
O documento afirma ainda que Bumlai e o filho Mauricio ‘orquestraram
e financiariam o plano de fuga para o exterior de Nestor Cerveró, fatos
que foram objeto de denúncia pela Procuradoria-Geral de República’.
“Apesar destes fatos não tramitarem perante esse Juízo, resta cristalino
que a manutenção de José Carlos Bumlai em liberdade é um risco para
o prosseguimento das investigações que ainda não findaram.
Por essas razões, uma vez que analisada de forma exauriente a participação
do acusado e pelo exposto na decisão de prisão, entende-se que a prisão
cautelar de José Carlos Bumlai dever permanecer incólume e ser cumprida
em estabelecimento prisional.”
COM A PALAVRA, A ADVOGADA DANIELLA MEGGIOLARO, DEFENSORA
DE JOSÉ CARLOS BUMLAI
A advogada Daniella Meggiolaro, que representa o pecuarista José Carlos
Bumlai, disse que a defesa vai sustentar a versão de que o amigo do
ex-presidente Lula não cometeu nenhum dos crimes atribuídos a
ele pelo Ministério Público Federal.
Em alegações finais, a Procuradoria pede a condenação de Bumlai por
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição
financeira.
Daniella Meggiolaro é categórica. “O sr. Bumlai não foi corrompido porque
não é agente público. Atribuem a ele corrupção passiva, isso é surreal,
não se beneficiou desse dinheiro (os R$ 12 milhões do Banco Schahin).
Como pode cometer gestão fraudulenta se nunca foi gestor de banco?
Lavagem não faz nenhum sentido. O próprio juiz Sérgio Moro observou
que não vislumbrava (lavagem).”
“Não ocorreu nenhum dos crimes que o Ministério Público Federal sustenta
ter ocorrido”, afirma Daniella Meggiolaro. “Vamos sustentar na nossa peça
(memoriais) que não ocorreu nenhum desses crimes pelos quais
o sr. Bumlai é acusado. Vamos apresentar nossos memoriais depois que
a Petrobrás apresentar os dela. Ainda não foi aberto prazo para a defesa.”
Sobre os R$ 53 milhões que a Procuradoria da República cobra de Bumlai
e de outros oito denunciados na ação penal da Operação Passe Livre,
desdobramento da Lava Jato, a advogada protesta. “O sr. Bumlai é o único
que teve os bens bloqueados. Ele está com todos os bens bloqueados.
Uma incongruência.”
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