‘Negócio estava abençoado pelo presidente Lula’, diz dono da Schahin
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‘Negócio estava abençoado pelo presidente Lula’, diz dono da Schahin
‘Negócio estava abençoado pelo presidente Lula’, diz dono da Schahin
Por FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO E RICARDO BRANDT
25/11/2015, 05h16
Segundo Salim Schahin, José Carlos Bumlai, preso na 21ª fase da Lava Jato, e ex-tesoureiro do PT
disseram que ex-presidente estava a par de empréstimo de R$ 12 milhões tomado por pecuarista em
2004 cujo beneficiário seria o partido; empresário confirmou em delação que valor nunca foi quitado
e que contrato da Petrobrás compensou dívida
Salim Schahin. Foto: Dida Sampaio/Estadão
O empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, afirmou em sua delação premiada que o pecuarista José Carlos Bumlai levou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares em reunião na sede da empresa durante as tratativas para empréstimo de R$ 12 milhões, concedido em 2004, que teria como destino final os cofres do PT. Todo negócio estaria “abençoado” pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que nega.
A operação de empréstimo, um dos motivos que levou Bumlai para a cadeia nesta terça-feira, 24, como alvo central da Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, foi revelada pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobrás. Ele relatou em outubro aos procuradores da força-tarefa que Bumlai junto com o operador de propinas do PMDB Fernando Baiano teriam dirigido um contrato da estatal de R$ 1,3 bilhão – para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 – como compensação a uma dívida de “R$ 60 milhões” do PT com a Schahin. O empresário confirma a contratação como pagamento pelo empréstimo nunca pago feito pelo pecuarista amigo de Lula.
“Bumlai chegou a dizer a Fernando (Schahin) que o negócio estava ‘abençoado’ pelo presidente Lula”, registrou a Lava Jato, na delação de Salim. “O depoente e seu irmão Milton (Schahin) também receberam de (João) Vaccari (ex-tesoureiro do PT) a informação de que o presidente estava a par do negócio.”
Alvo da Lava Jato, Salim Schahin contou o que sabia no início do mês e relatou que o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu – preso pela Lava Jato e condenado no mensalão -, ligou pessoalmente para ele, após encontro com Bumlai e Delúbio. “A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de José Carlos Bumlai, mas a mensagem estava entendida.”
“Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin por Sandro Tordin um executivo do Banco na época, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões de reais”, contou Salim, em depoimento prestado no dia 12, para procuradores da força-tarefa da Lava Jato. “Na ocasião foi apresentado um pedido de empréstimo, alegando-se, inclusive, que se tratava de um pedido do Partido dos Trabalhadores e ele, José Carlos Bumlai, tomaria o empréstimo em nome do Partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente”, registra a força-tarefa.
Em 2004, o PT participaria das primeiras disputas eleitorais nos municípios, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente, em 2002. “O empréstimo foi concedido porque abriria oportunidade de retorno em negócios para o grupo empresarial junto ao governo.”
O empresário, que decidiu fazer delação premiada, após membros da família terem sido citados por delatores da Lava Jato como envolvidos no esquema de propinas na Petrobrás, disse que o encontro com Delúbio ocorreu numa segunda reunião para tratar do assunto do empréstimo milionário. Ele havia ficado “incomodado com duas questões: a primeira era a de que o valor era muito grande para ser concentrado em apenas uma operação a uma pessoa física; e o segundo era que essa pessoa física estava sendo intermediário de empréstimo para o Partido dos Trabalhadores”.
Mesmo assim, Salim Schahin concordou com o empréstimo pois “poderia ser útil aos interesses do Grupo, aproximando-o efetivamente ao governo do PT e abrindo a possibilidade de retorno em negócios e oportunidade futuras”.
José Dirceu (à esq.) e Delúbio Soares. Fotos: Dida Sampaio e André Dusek/Estadão
Ligação do ministro. “Dias depois foi realizada uma nova reunião na sede do Banco Schahin”, conta Salim. “Como novidade, Bumlai veio acompanhado de Delúblio Soares.” A presença do ex-tesoureiro do PT – que foi condenado em 2012 no processo do mensalão – “trouxe um pouco de mais de conforto”, disse Schahin. “Tendo em conta que ele, diferentemente de Bumlai, tinha relação direta com o PT.” No novo encontro, o empresário afirmou que Bumlai e Delúbio insistiram na necessidade de urgência no empréstimo.
“Nessa ocasião o próprio Delúbio Soares confirmou o interesse do Partido para que a operação fosse concluída o quanto antes.”
Schahin conta que nesse segundo encontro, Bumlai e Delúbio informaram que como “evidência adicional” a Casa Civil procuraria um dos acionistas do Banco Schahin. “Dias depois o depoente (Salim Schahin) recebeu um telefonema de José Dirceu. A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de Bumlai, mas a mensagem estava entendida.”
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/negocio-estava-abencoado-pelo-presidente-lula-diz-dono-da-schahin/
Por FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO E RICARDO BRANDT
25/11/2015, 05h16
Segundo Salim Schahin, José Carlos Bumlai, preso na 21ª fase da Lava Jato, e ex-tesoureiro do PT
disseram que ex-presidente estava a par de empréstimo de R$ 12 milhões tomado por pecuarista em
2004 cujo beneficiário seria o partido; empresário confirmou em delação que valor nunca foi quitado
e que contrato da Petrobrás compensou dívida
Salim Schahin. Foto: Dida Sampaio/Estadão
O empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, afirmou em sua delação premiada que o pecuarista José Carlos Bumlai levou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares em reunião na sede da empresa durante as tratativas para empréstimo de R$ 12 milhões, concedido em 2004, que teria como destino final os cofres do PT. Todo negócio estaria “abençoado” pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que nega.
Documento
- LEIA ÍNTEGRA DO TERMO DE DELAÇÃO DE SALIM SCHAHIN PDF
A operação de empréstimo, um dos motivos que levou Bumlai para a cadeia nesta terça-feira, 24, como alvo central da Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, foi revelada pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobrás. Ele relatou em outubro aos procuradores da força-tarefa que Bumlai junto com o operador de propinas do PMDB Fernando Baiano teriam dirigido um contrato da estatal de R$ 1,3 bilhão – para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 – como compensação a uma dívida de “R$ 60 milhões” do PT com a Schahin. O empresário confirma a contratação como pagamento pelo empréstimo nunca pago feito pelo pecuarista amigo de Lula.
“Bumlai chegou a dizer a Fernando (Schahin) que o negócio estava ‘abençoado’ pelo presidente Lula”, registrou a Lava Jato, na delação de Salim. “O depoente e seu irmão Milton (Schahin) também receberam de (João) Vaccari (ex-tesoureiro do PT) a informação de que o presidente estava a par do negócio.”
Alvo da Lava Jato, Salim Schahin contou o que sabia no início do mês e relatou que o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu – preso pela Lava Jato e condenado no mensalão -, ligou pessoalmente para ele, após encontro com Bumlai e Delúbio. “A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de José Carlos Bumlai, mas a mensagem estava entendida.”
“Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin por Sandro Tordin um executivo do Banco na época, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões de reais”, contou Salim, em depoimento prestado no dia 12, para procuradores da força-tarefa da Lava Jato. “Na ocasião foi apresentado um pedido de empréstimo, alegando-se, inclusive, que se tratava de um pedido do Partido dos Trabalhadores e ele, José Carlos Bumlai, tomaria o empréstimo em nome do Partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente”, registra a força-tarefa.
Em 2004, o PT participaria das primeiras disputas eleitorais nos municípios, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente, em 2002. “O empréstimo foi concedido porque abriria oportunidade de retorno em negócios para o grupo empresarial junto ao governo.”
O empresário, que decidiu fazer delação premiada, após membros da família terem sido citados por delatores da Lava Jato como envolvidos no esquema de propinas na Petrobrás, disse que o encontro com Delúbio ocorreu numa segunda reunião para tratar do assunto do empréstimo milionário. Ele havia ficado “incomodado com duas questões: a primeira era a de que o valor era muito grande para ser concentrado em apenas uma operação a uma pessoa física; e o segundo era que essa pessoa física estava sendo intermediário de empréstimo para o Partido dos Trabalhadores”.
Mesmo assim, Salim Schahin concordou com o empréstimo pois “poderia ser útil aos interesses do Grupo, aproximando-o efetivamente ao governo do PT e abrindo a possibilidade de retorno em negócios e oportunidade futuras”.
José Dirceu (à esq.) e Delúbio Soares. Fotos: Dida Sampaio e André Dusek/Estadão
Ligação do ministro. “Dias depois foi realizada uma nova reunião na sede do Banco Schahin”, conta Salim. “Como novidade, Bumlai veio acompanhado de Delúblio Soares.” A presença do ex-tesoureiro do PT – que foi condenado em 2012 no processo do mensalão – “trouxe um pouco de mais de conforto”, disse Schahin. “Tendo em conta que ele, diferentemente de Bumlai, tinha relação direta com o PT.” No novo encontro, o empresário afirmou que Bumlai e Delúbio insistiram na necessidade de urgência no empréstimo.
“Nessa ocasião o próprio Delúbio Soares confirmou o interesse do Partido para que a operação fosse concluída o quanto antes.”
Schahin conta que nesse segundo encontro, Bumlai e Delúbio informaram que como “evidência adicional” a Casa Civil procuraria um dos acionistas do Banco Schahin. “Dias depois o depoente (Salim Schahin) recebeu um telefonema de José Dirceu. A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de Bumlai, mas a mensagem estava entendida.”
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