PF investiga empresa de pecuarista BUMLAI ligado a Lula
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PF investiga empresa de pecuarista BUMLAI ligado a Lula
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Delator diz que Bumlai pediu para depositar R$ 2 milhões em
empresa da família
[size=14]POR CLEIDE CARVALHO E RENATO ONOFRE
21/10/2015 13:02 / atualizado 21/10/2015 18:48
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SÃO PAULO - A Polícia Federal investiga se o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai
usou notas frias para receber propina de negócios vinculados à Petrobras.
Bumlai é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tinha livre acesso ao gabinete
do ex-presidente no Palácio do Planalto.
O lobista Fernando Soares, o Baiano, afirmou que foi depositado cerca de R$ 2 milhões
na conta da empresa São Fernando, de aluguel de equipamentos, indicada por Bumlai
para receber a suposta propina.
A São Fernando, segundo ele, estaria em nome do empresário ou do filho dele.
O depósito, segundo Baiano, foi feito por uma terceira empresa, que lhe devia dinheiro.
Para justificar o pagamento, teria sido feito um contrato de locação de equipamentos
com a emissão de nota fiscal fictícia.
O pecuarista José Carlos Bumlai - Arquivo
O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal
(STF), enviou para o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, trechos da
delação premiada em que o lobista acusa o empresário José Carlos Bumlai de pedir
propina de R$ 2 milhões em nome de uma das noras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Baiano, o dinheiro foi pedido por Bumlai como antecipação do pagamento
de propina da empresa OSX para uma das noras do ex-presidente.
Inicialmente, o empresário teria lhe pedido R$ 3 milhões, mas o lobista disse que
comprometeu-se em ajudar com R$ 2 milhões.
Segundo Baiano, ele não pediu qualquer valor à OSX, pois não havia sido fechado nenhum
negócio com a Sete Brasil.
Ao pedir o dinheiro a Baiano, Bumlai afirmou que estaria sendo "pressionado" a resolver
o problema da nora do ex-presidente Lula.
O lobista afirmou que o pagamento teria sido feito por transferência bancária por uma
das empresas contratadas para fazer o estaleiro da OSX ou da LLX, duas companhias
de propriedade do empresário Eike Batista.
A transferência teria ficado pouco abaixo de R$ 2 milhões.
BUMLAI INTERMEDIOU REUNIÕES
Baiano afirmou que procurou Bumlai para que ajudasse a intermediar negócios entre a
OSX e a Sete Brasil porque sabia da proximidade dele com o ex-ministro da Fazenda
Antonio Palocci, que havia indicado o então presidente da Sete Brasil, José Carlos Ferraz.
Depois de dois encontros no escritório do empresário em São Paulo, Bumlai prometeu ajudar,
e Baiano procurou a OSX e mencionou que seria cobrado 5% do valor de cada navio-sonda
para intermediar o negócio.
Na OSX, ele teria conversado com Luís Carneiro, então presidente da empresa.
Hoje, Carneiro preside a Sete Brasil. Segundo Baiano, o percentual não ficou definido, mas
era certo que a "comissão" seria divida entre Baiano e Bumlai.
Procurado pelo GLOBO, o atual presidente da Sete Brasil não se manifestou.
Segundo o lobista, a primeira reunião entre Carneiro e Ferraz, da Sete Brasil, teria
ocorrido no primeiro semestre de 2011, depois de um sinal verde de Bumlai.
Todo o desenrolar da negociação, disse Baiano, era repassado a Bumlai.
Como o fechamento de um acordo demorou, Baiano teria dito a Bumlai que precisava de
"um peso maior" para que fosse efetivado.
Bumlai se encarregou, então, de agendar uma reunião de Ferraz com o ex-presidente Lula.
Antes Ferraz e Bumlai se encontraram no restaurante Tatini, em São Paulo, onde o empresário
orientou o presidente da Sete Brasil sobre "o que falar com Lula". Depois, Ferraz e Bumlai
foram para o Instituto Lula.
Baiano, que permaneceu em São Paulo para saber sobre o resultado do encontro, disse
que Ferraz lhe contou que a reunião havia sido "muito boa".
Segundo ele, Ferraz teria pedido apoio do ex-presidente para dar mais velocidade aos
assuntos da Sete Brasil, "para viabilizar uma consolidação mais rápida da indústria
naval brasileira".
Ferraz contou que ficou marcado um segundo encontro no Instituto Lula, com a participação
do ex-presidente e representantes do setor naval.
Baiano disse que não participou de nenhum dos encontros com Lula e continuou acompanhando
as negociações entre a OSX e a Sete Brasil.
Foi então, segundo ele, que Bumlai lhe pediu o adiantamento do dinheiro para resolver
o problema da nora do ex-presidente.
Baiano disse ter perguntado detalhes, e Bumlai afirmou que o dinheiro pagaria uma dívida
ou uma parcela de um imóvel.
Inicialmente, Baiano disse que não poderia ajudar. Mas voltou a ser cobrado e se
comprometeu a ajudar com os R$ 2 milhões.
Embora o negócio entre a Sete Brasil e a OSX não tenha saído, segundo o lobista,
Bumlai não lhe devolveu o valor que recebeu adiantado.
A assessoria do Instituto Lula informou em nota que o ex-presidente nunca intermediou
contratos de empresas e jamais autorizou Bumlai a usar seu nome em qualquer espécie
de lobby.
Ressaltou ainda que não existe a dívida de R$ 2 milhões.
“Reiteramos que o ex-presidente Lula nunca atuou como intermediário de empresas em
contratos, antes, durante ou depois de seu governo.
Jamais autorizou que o sr. José Carlos Bumlai ou qualquer pessoa utilizasse seu nome
em qualquer espécie de lobby. Não existe a dívida de 2 milhões supostamente mencionada
na delação”, diz a nota
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