Ex-Sete Brasil diz a Moro que banqueiro suíço ajudou a montar offshore
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Ex-Sete Brasil diz a Moro que banqueiro suíço ajudou a montar offshore
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João Carlos Ferraz, que presidiu a empresa para produção de sondas do pré-sal,
relatou como esquema de corrupção na Petrobrás se espalhou
Mateus Coutinho e Julia Affonso
20 Julho 2016 | 13h54
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Banco Cramer. Foto: Divulgação
Em seu primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro, realizado nesta terça-feira,
19, o ex-presidente da Sete Brasil João Carlos de Medeiroz Ferraz contou em
detalhes como o esquema de corrupção na Petrobrás foi replicado na empresa
criada para a produção de sondas de exploração do pré-sal.
Ferraz fechou um acordo de colaboração com a Lava Jato e revelou a Moro
que teve a ajuda de um banqueiro suíço para abrir uma offshore – empresa
em paraíso fiscal – no final de 2011 e que foram utilizadas para ele receber
cerca de US$ 1,7 milhão em propinas de um dos estaleiros contratados pela
Sete Brasil no período em que ocupou a presidência da companhia, entre
2011 e 2014.
Ele depôs ao juiz da Lava Jato na ação penal em que o Ministério Público
Federal aponta o pagamentos de propinas de R$ 185 milhões referentes ao
contrato da Sete com a Keppel Fels (responsável pelo estaleiro Bras Fels)
para a produção de quatro sondas de exploração de pré-sal.
Ferraz responde, junto com outros oito réus pelos crimes de
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
As contas da empresa, chamada Firaza, foram abertas pelo banco Cramer,
e ficavam na instituição financeira no país europeu.
O processo de abertura, segundo revelou o executivo, ocorreu durante
uma viagem de Ferraz e do ex-gerente de Serviços da Petrobrás Pedro
Barusco à Itália para ver o Grande Prêmio de Fórmula 1 no circuito
de Monza, tudo a convite da Petrobrás.
O DEPOIMENTO DE JOÃO FERRAZ AO JUIZ SÉRGIO MORO:
“Na oportunidade nós encontramos um banqueiro do banco Kramer.
Esse banqueiro me explicou como era toda estrutura, como que seria
feita a abertura da conta.
A abertura dessa conta estava associada a criação de uma empresa
offshore”, contou.
“Uma seria em Luxemburgo e outra seria no caribe, e essa estrutura,
segundo o banqueiro, daria mais solidez, maior segurança”, seguiu
o executivo.
De acordo com ele, foi o próprio banco que montou a estrutura para
a lavagem de dinheiro de propina.
Um dos idealizadores do projeto da Sete Brasil – a principal aposta
governos Lula e Dilma para incentivar a produção naval nacional
e o pré-sal – junto com Barusco, João Ferraz veio de uma trajetória
técnica na área de Finanças da Petrobrás e disse que só teve contato
com esquemas de corrupção ao chegar na Sete.
Foi o próprio Barusco, que também foi diretor na Sete e recebia
propinas na Petrobrás desde 1997, quem lhe revelou o esquema.
“Esse esquema foi implantado pelo próprio Barusco, e pelo que ele me
informou, em conjunto com o João Vaccari (ex-tesoureiro do PT).
Os dois negociaram com os estaleiros o pagamento de comissão de 0,9%
sobre o valor total de cada contrato”, contou.
Dessa percentagem, dois terços ficavam com o PT, por meio de João Vaccari Neto
e o restante era dividido igualmente entre o ex-diretor da Petrobrás Renato Duque
e funcionários da Sete, incluindo Ferraz.
Ele disse ainda que nunca tratou destes acertos com os estaleiros.
“Na verdade, nunca conversei com nenhuma pessoa jurídica ou física a respeito
destes pagamentos (de propina), a unica pessoa que conversei a respeito deste
assunto foi com o Barusco, que se encarregou em fazer a centralização de tudo”,
disse.
Ao todo, a Sete Brasil chegou a firmar contratos com cinco estaleiros para
a produção de 29 sondas. Além disso, a empresa fez sociedade com seis grandes
companhias que iriam atuar como operadoras das sondas.
A Lava Jato aponta, com base nas delações premiadas e nas investigações
dos contratos da Sete e das empresas de operadores de propina no exterior,
que haveria um esquema de corrupção nos mesmos moldes do que foi
instalado na Petrobrás e que parte das comissões destinadas ao PT no
esquema teriam abastecido contas do casal de marqueteiros João Santana
e Mônica Moura, que atuaram nas campanhas eleitorais de Lula (2006)
e Dilma (2010 e 2014).
João Santana e Mônica Moura negam envolvimento nas irregularidades apontadas pelo MPF.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOÃO VACCARI NETO:
O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, ....
COM A PALAVRA, A SETE BRASIL:
“A atual direção da Sete Brasil, que assumiu o comando da empresa em maio
de 2014 – ou seja, posteriormente à suposta ocorrência citada por João Carlos
Ferraz em depoimento ao Juiz Sérgio Moro – tem todo o interesse que os fatos
em apuração pela Operação Lava-Jato sejam esclarecidos e, para isso, colabora
com as investigações”.
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