Jornal do BRASIL citava apartamento de LULA em 2007 - Aplicação de risco duvidoso! 9/9/2007
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Jornal do BRASIL citava apartamento de LULA em 2007 - Aplicação de risco duvidoso! 9/9/2007
MATERIAS JB
Jornal do Brasil, 9/9/2007
APLICAÇÃO DE RISCO DUVIDOSO
Karla Correia
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os três maiores fundos de pensão estatais - Petros, da Petrobras,
Previ, do Banco do Brasil e Funcef, da Caixa Econômica - e integrantes do PT decidiram investir, nos últimos quatro anos,
em uma cooperativa que, de uma das mais importantes construtoras de imóveis residenciais do Estado de São Paulo,
transformou-se, nesse mesmo período, numa empresa com déficit financeiro estimado em R$ 100 milhões investigada
por suspeita de desvio de recursos e lavagem de dinheiro.
Não bastasse a queda vertiginosa nos negócios de 2003 para cá e os indícios de práticas ilegais, a cooperativa em que Lula,
fundos de pensão de estatais e membros do PT aplicam seu dinheiro ainda ameaça tungar o patrimônio de três mil pessoas.
Trata-se da Bancoop, cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, fundada em 1997 pelo hoje presidente
do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e comandada desde sempre pelo alto escalão do partido.
Em maio de 2005, Lula adquiriu cotas da Bancoop para comprar um luxuoso apartamento dúplex de três quartos em
um condomínio - o Mar Cantábrico - de dois edifícios que está em construção na Praia das Astúrias, localizada no balneário
do Guarujá (SP), uma das regiões mais valorizadas do litoral paulista no mercado imobiliário.
A cota está no nome da primeira-dama, Marisa Letícia, mas consta do patrimônio declarado pelo presidente ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) no ano passado, como candidato à reeleição. Na época, Lula tinha pago um total de R$ 47.695,38 em prestações.
O preço final do imóvel não é revelado pela Bancoop, mas as imobiliárias locais avaliam um apartamento de semelhante
perfil em algo em torno de R$ 350 mil a R$ 400 mil. A promessa da cooperativa é entregar seus imóveis a um preço
40% abaixo do praticado pelo mercado - o que por si já chama atenção como um bom negócio - e seria teoricamente
impossível ao presidente encontrar um parceiro mais confiável para a empreitada, uma vez que a direção da cooperativa
sempre esteve sob a responsabilidade de companheiros de legenda e de trajetória político-sindical.
Contudo, a aparência de companhia sólida escondia um verdadeiro ralo de dinheiro. Com 47 empreendimentos,
15 mil cooperados, a Bancoop começou a parar o andamento de obras por falta de recursos. E passou a exigir de seus
associados o pagamento de parcelas adicionais para completar o caixa das empreitadas. Tal prática, na avaliação do
Ministério Público de São Paulo, faz com que os imóveis construídos pela cooperativa acabem tendo preço equivalente
aos de incorporadoras comuns, que não contam com os benefícios de isenção fiscal de uma cooperativa.
- A Bancoop é, na verdade, apenas a fachada de uma grande empreiteira que se utiliza do status de cooperativa
para conseguir isenção fiscal, mas pratica preços de mercado, visa o lucro e comete várias irregularidades que
sugerem a prática de desvio de recursos, ou até mesmo lavagem de dinheiro - acusa o promotor José Carlos Blat.
O promotor conduz o inquérito criminal que investiga a cooperativa por suspeita de lavagem de dinheiro e desvio
de recursos.
Os indícios de crime fizeram com que o Ministério Público quebrasse o sigilo bancário da companhia. Os primeiros
relatórios devem ser apresentados em outubro.
Segundo Blat, o maior indício de desvio de recursos está na situação financeira da cooperativa, que considera ser
incompatível com seu sucesso em arrecadar recursos e atrair cooperados. Em meados de 2004, a Bancoop recebeu
uma injeção de R$ 43 milhões arrecadados com a venda de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fdic)
no mercado financeiro. O fundo de pensão da Petrobras (Petros), aparece como maior investidor, tendo aplicado
R$ 10,6 milhões nos papéis da Bancoop. Em seguida vem a Funcef (Caixa Econômica, com R$ 11 milhões, e a Previ
(Banco do Brasil), com R$ 5 milhões. Todos dirigidos por membros do Sindicato dos Bancários ou filiados ao PT.
Para piorar, segundo o promotor, a operação não foi avalizada pelos cooperados.
- Esse dinheiro simplesmente evaporou - afirma uma advogada dos cooperados. - Não se viu efeito desse aporte
nas obras, os cooperados, mesmo aqueles que já tinham completado as parcelas de seus apartamentos
e já estavam até morando nos imóveis, continuaram tendo de pagar saldos residuais de até R$ 8 milhões.
Em agosto, a agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou a classificação dos papéis da
Bancoop por conta da incerteza da capacidade do fundo honrar o próximo pagamento das cotas seniores,
no valor de R$ 1,72 milhão. Bancoop explica critérios
Brasília. Por meio de sua assessoria de imprensa, a diretoria da Bancoop alega que, por serem cooperados e não clientes
de um empreendimento comercial, os associados da cooperativa são obrigados a arcar com o custo dos empreendimentos
mesmo que esse valor seja maior do que o prometido no momento da aquisição da cota. A idéia é que o imóvel seja
adquirido a preço de custo. Se os gastos aumentam no decorrer da obra, o valor pago também aumenta.
Quem não aceita está quebrando contrato e, dessa forma, é sujeito a ações de reintegração de posse, argumenta
a cooperativa.
Para o procurador do Ministério Público de São Paulo Marco Antônio Zanellato, que votou pela abertura de ação
civil contra a cooperativa, a cobrança dos valores adicionais é um "ato ardiloso" que visa encobrir
a atividade lucrativa da Bancoop.
- Essas anomalias ou irregularidades na gestão da cooperativa, entre outras, praticadas pelos seus administradores
à revelia dos cooperados, são suscetíveis de tornar lícita a dedução de que ela vem sendo utilizada para encobrir
o exercício de atividade econômica com o fim de lucro, própria das sociedades empresariais - alega o procurador,
em relatório pela abertura do inquérito. Procurado para comentar as suspeitas que pesam sobre a cooperativa,
o atual presidente da Bancoop, João Vaccari Neto, preferiu não conversar com a reportagem.
Segundo a assessoria de imprensa da Previ, a Bancoop está adimplente com o fundo de pensão, que já teria
resgatado 53% do capital investido. Da mesma forma, a Funcef afirma que a cooperativa tem honrado seus
compromissos normalmente. Maior investidora, a Petros ratifica a avaliação. De acordo com o presidente do fundo,
Wagner Pinheiro, os papéis Fdic Bancoop têm apresentado rentabilidade de 8,91%, superior às obrigações
contratuais dos títulos Petros - de 6% mais a variação anual da inflação medida pelo IPCA, e foram pagos
regularmente até hoje. Em 31 de julho, a Petros ainda tinha R$ 7.587,00 investidos na dívida da Bancoop.
Oposição lança suspeitas
BRASÍLIA. A suspeita de irregularidades na gestão da cooperativa imobiliária do Sindicato dos Bancários d e São Paulo -
a Bancoop - investigada em dois inquéritos do Ministério Público do Estado são "um sinal de alerta" na opinião
de políticos oposicionistas. Até a divulgação dos resultados da quebra de sigilo bancário da cooperativa, o que deve
acontecer em outubro, é impossível fazer qualquer ilação sobre o efetivo envolvimento do Partido dos Trabalhadores
com os problemas no caixa da Bancoop, observam. Mas a presença do PT na direção da cooperativa é encarada como
um indício dessa relação.
- A facilidade de captação dos recursos em fundos de pensão estatais e a forte ligação do PT com a administração da
cooperativa certamente dão contornos suspeitos a essa história - observa o líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos
Pannunzio (SP). - É importante que aguardar os resultados da investigação antes de afirmar qualquer coisa a esse
respeito, mas os indícios são fortes.
Para o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), o fato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter adquirido
cotas para a compra de um apartamento construído pela cooperativa pode ser visto como indicativo de que as
irregularidades são desconhecidas pelos dirigentes do PT e do próprio presidente da República.
- É difícil acreditar que Lula fosse investir seu dinheiro em um empreendimento que ele soubesse estar comprometido
a esse ponto, no qual ele poderia até perder patrimônio - pondera Agripino. - Não dá para falar em desvio de dinheiro,
em fraude, nesse momento. Vamos ficar atentos à investigação do Ministério Público.
O que chama a atenção do senador no caso é a participação a de militantes do PT na direção da Bancoop.
- Em matéria de administração, esse partido é um desastre. Não consegue conduzir um governo a contento, não é bem
sucedido sequer com os negócios particulares em que se envolve - ironiza Agripino.
Denúncia partiu dos sócios
Karla Correia
BRASÍLIA. As duas investigações hoje em curso no Ministério Público - uma civil, que apura se a Bancoop atua de fato
como uma cooperativa, sem objetivo de lucro, e outra criminal, motivada pela suspeita de desvio de recursos e apropriação
indébita -- começaram a partir de uma representação apresentada pelos cooperados por conta de uma singularidade.
Chamou a atenção dos associados o fato de o fornecimento de materiais e serviços para os empreendimentos sempre
ser feito por empresas que pertenciam a membros da diretoria da cooperativa - o que, de antemão, seria uma irregularidade,
como explica um dos advogados que representa os cooperados nas ações judiciais.
Também se mostrou impossível, afirmam os advogados, acompanhar com lupa a saúde financeira dos empreendimentos,
como é recomendável nesse tipo de aplicação. Em 2004, a Bancoop unificou os caixas de todas as obras em uma só
conta bancária, dificultando saber qual empreendimento é deficitário e qual estaria no azul. O normal, nesses casos,
seria manter uma conta para cada empreendimento, possibilitando que, a cada reunião dos associados, o estado
financeiro das obras seja exposto com clareza pela diretoria da cooperativa.
Sem essa transparência, os tais "saldos residuais" são impostos aos cooperados, sem que estes tenham
condições de verificar sua real necessidade, alega a defesa dos associados.
Os mutuários do empreendimento Torres da Mooca entraram com a representação no Ministério Público, que logo juntou
ao processo os casos de outros empreendimentos da cooperativa que apresentavam o mesmo tipo de irregularidade.
Hoje, ao menos dez dos 47 empreendimentos tocados pela Bancoop estão paralisados por falta de recursos. Um total
de 3 mil associados correm risco de perder seus imóveis e o dinheiro investido na cooperativa, mas o problema atinge
todos os 15 mil cooperados - mesmo aqueles que já teriam quitado seus apartamentos . Todos são obrigados a arcar
com os saldos residuais das obras deficitárias. No final, avalia o Ministério Público, o valor pago por apartamento
é equivalente aos preços praticados no mercado por incorporadoras comuns, que visam o lucro financeiro. Vantagem
zero para os cooperados.
Segundo os advogados que representam associados da cooperativa, a Bancoop não realiza assembléias para discutir
esses pagamentos e ações. Os nomes dos "inadimplentes" são publicados em boletins informativos enviados
mensalmente aos mutuários. Quem se recusa a pagar o excedente entra na "lista negra" da cooperativa,
pode sofrer ação de reintegração de posse e perder o imóvel adquirido da Bancoop. E, com ele, todo o dinheiro investido
pelos associados no bem oferecido pela cooperativa a quase metade dos valores de mercado.
Outra matéria:
JORNAL DO BRASIL, 10/9/2007
Bancoop também atraiu companheiros
Karla Correia
A promessa da cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Bancoop, de vender imóveis a um preço 40% inferior
ao praticado no mercado atraiu, além do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, outros integrantes do governo e do PT.
Segundo advogados que representam os cooperados, o assessor especial da Presidência da República Aurélio Pimentel
e o ex-chefe do Gabinete Regional da Presidência da República em São Paulo José Carlos Espinoza possuem apartamentos
em um dos edifícios do empreendimento Torres da Mooca, que motivou a representação de associados da Bancoop contra
a cooperativa.
Os dois ganharam as páginas dos jornais durante a campanha presidencial de 2006 como os "aloprados"
envolvidos no escândalo da compra do dossiê contra candidatos tucanos. Também ligado ao caso, Oswaldo Bargas é dono
do apartamento 174 B do edifício Anália Franco, construído pela Bancoop. Os dois empreendimentos são citados
na investigação contra a cooperativa.
- Na época, há mais ou menos três anos, a cúpula do governo investiu em imóveis da Bancoop - relata uma advogada
que representa associados da cooperativa.
Segundo os cooperados, os apartamentos que hoje pertencem a Aurélio Pimentel e José Carlos Espinoza - 183 B e 203 B,
respectivamente - estavam entre os imóveis que, na ocasião do sorteio de unidades, foram listados como objeto de permuta
e, dessa forma, não foram incluídos entre os apartamentos sorteados.
- Não temos idéia do que teria sido oferecido como contrapartida nessa permuta - lamenta a advogada.
A oferta de imóveis pela cooperativa como pagamento de serviços ou matéria-prima é incluída no rol de irregularidades
identificadas pelo Ministério Público que levaram à abertura de inquérito para investigar a Bancoop.
- Essas anomalias ou irregularidades na gestão da cooperativa praticadas pelos seus administradores à revelia dos cooperados,
são suscetíveis de tornar lícita a dedução de que ela vem sendo utilizada para encobrir o exercício de atividade econômica
com o fim de lucro - observa o procurador Marco Antônio Zanellato, em voto pela abertura de ação civil contra a Bancoop.
A ação civil iniciada pelo Ministério Público investiga se a Bancoop atua, de fato, como cooperativa, sem finalidade de lucro.
No entender do procurador, a cooperativa do Sindicato dos Bancários tem, ao contrário do que promete, vendido apartamentos
a preços equivalentes aos praticados por incorporadoras normais, mesmo mantendo os benefícios fiscais.
Zanelatto ainda aponta a unificação das contas dos empreendimentos e a pouca participação dos cooperados na tomada
de decisões pela Bancoop como indícios de falta de transparência da cooperativa em relação a seus associados.
A cooperativa também é investigada em inquérito criminal que apura suspeitas de desvio de recursos, apropriação
indébita e lavagem de dinheiro.
Cerca de 3 mil cooperados correm o risco de perder seu patrimônio com a paralisação das obras em ao menos 10 empreendimentos
da Bancoop, que alega falta de recursos para continuar a construção desses edifícios. O prejuízo, entretanto, pode atingir
a todos os 15 mil associados da cooperativa, uma vez que os saldos adicionais impostos pela Bancoop para complementar
o caixa dos empreendimentos deficitários são divididos entre todos os cooperados. A cooperativa argumenta que os imóveis
são vendidos "a preço de custo". E se esse valor cresce, o desembolso dos associados deve aumentar proporcionalmente.
Jornal do Brasil, 9/9/2007
APLICAÇÃO DE RISCO DUVIDOSO
Karla Correia
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os três maiores fundos de pensão estatais - Petros, da Petrobras,
Previ, do Banco do Brasil e Funcef, da Caixa Econômica - e integrantes do PT decidiram investir, nos últimos quatro anos,
em uma cooperativa que, de uma das mais importantes construtoras de imóveis residenciais do Estado de São Paulo,
transformou-se, nesse mesmo período, numa empresa com déficit financeiro estimado em R$ 100 milhões investigada
por suspeita de desvio de recursos e lavagem de dinheiro.
Não bastasse a queda vertiginosa nos negócios de 2003 para cá e os indícios de práticas ilegais, a cooperativa em que Lula,
fundos de pensão de estatais e membros do PT aplicam seu dinheiro ainda ameaça tungar o patrimônio de três mil pessoas.
Trata-se da Bancoop, cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, fundada em 1997 pelo hoje presidente
do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e comandada desde sempre pelo alto escalão do partido.
Em maio de 2005, Lula adquiriu cotas da Bancoop para comprar um luxuoso apartamento dúplex de três quartos em
um condomínio - o Mar Cantábrico - de dois edifícios que está em construção na Praia das Astúrias, localizada no balneário
do Guarujá (SP), uma das regiões mais valorizadas do litoral paulista no mercado imobiliário.
A cota está no nome da primeira-dama, Marisa Letícia, mas consta do patrimônio declarado pelo presidente ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) no ano passado, como candidato à reeleição. Na época, Lula tinha pago um total de R$ 47.695,38 em prestações.
O preço final do imóvel não é revelado pela Bancoop, mas as imobiliárias locais avaliam um apartamento de semelhante
perfil em algo em torno de R$ 350 mil a R$ 400 mil. A promessa da cooperativa é entregar seus imóveis a um preço
40% abaixo do praticado pelo mercado - o que por si já chama atenção como um bom negócio - e seria teoricamente
impossível ao presidente encontrar um parceiro mais confiável para a empreitada, uma vez que a direção da cooperativa
sempre esteve sob a responsabilidade de companheiros de legenda e de trajetória político-sindical.
Contudo, a aparência de companhia sólida escondia um verdadeiro ralo de dinheiro. Com 47 empreendimentos,
15 mil cooperados, a Bancoop começou a parar o andamento de obras por falta de recursos. E passou a exigir de seus
associados o pagamento de parcelas adicionais para completar o caixa das empreitadas. Tal prática, na avaliação do
Ministério Público de São Paulo, faz com que os imóveis construídos pela cooperativa acabem tendo preço equivalente
aos de incorporadoras comuns, que não contam com os benefícios de isenção fiscal de uma cooperativa.
- A Bancoop é, na verdade, apenas a fachada de uma grande empreiteira que se utiliza do status de cooperativa
para conseguir isenção fiscal, mas pratica preços de mercado, visa o lucro e comete várias irregularidades que
sugerem a prática de desvio de recursos, ou até mesmo lavagem de dinheiro - acusa o promotor José Carlos Blat.
O promotor conduz o inquérito criminal que investiga a cooperativa por suspeita de lavagem de dinheiro e desvio
de recursos.
Os indícios de crime fizeram com que o Ministério Público quebrasse o sigilo bancário da companhia. Os primeiros
relatórios devem ser apresentados em outubro.
Segundo Blat, o maior indício de desvio de recursos está na situação financeira da cooperativa, que considera ser
incompatível com seu sucesso em arrecadar recursos e atrair cooperados. Em meados de 2004, a Bancoop recebeu
uma injeção de R$ 43 milhões arrecadados com a venda de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fdic)
no mercado financeiro. O fundo de pensão da Petrobras (Petros), aparece como maior investidor, tendo aplicado
R$ 10,6 milhões nos papéis da Bancoop. Em seguida vem a Funcef (Caixa Econômica, com R$ 11 milhões, e a Previ
(Banco do Brasil), com R$ 5 milhões. Todos dirigidos por membros do Sindicato dos Bancários ou filiados ao PT.
Para piorar, segundo o promotor, a operação não foi avalizada pelos cooperados.
- Esse dinheiro simplesmente evaporou - afirma uma advogada dos cooperados. - Não se viu efeito desse aporte
nas obras, os cooperados, mesmo aqueles que já tinham completado as parcelas de seus apartamentos
e já estavam até morando nos imóveis, continuaram tendo de pagar saldos residuais de até R$ 8 milhões.
Em agosto, a agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou a classificação dos papéis da
Bancoop por conta da incerteza da capacidade do fundo honrar o próximo pagamento das cotas seniores,
no valor de R$ 1,72 milhão. Bancoop explica critérios
Brasília. Por meio de sua assessoria de imprensa, a diretoria da Bancoop alega que, por serem cooperados e não clientes
de um empreendimento comercial, os associados da cooperativa são obrigados a arcar com o custo dos empreendimentos
mesmo que esse valor seja maior do que o prometido no momento da aquisição da cota. A idéia é que o imóvel seja
adquirido a preço de custo. Se os gastos aumentam no decorrer da obra, o valor pago também aumenta.
Quem não aceita está quebrando contrato e, dessa forma, é sujeito a ações de reintegração de posse, argumenta
a cooperativa.
Para o procurador do Ministério Público de São Paulo Marco Antônio Zanellato, que votou pela abertura de ação
civil contra a cooperativa, a cobrança dos valores adicionais é um "ato ardiloso" que visa encobrir
a atividade lucrativa da Bancoop.
- Essas anomalias ou irregularidades na gestão da cooperativa, entre outras, praticadas pelos seus administradores
à revelia dos cooperados, são suscetíveis de tornar lícita a dedução de que ela vem sendo utilizada para encobrir
o exercício de atividade econômica com o fim de lucro, própria das sociedades empresariais - alega o procurador,
em relatório pela abertura do inquérito. Procurado para comentar as suspeitas que pesam sobre a cooperativa,
o atual presidente da Bancoop, João Vaccari Neto, preferiu não conversar com a reportagem.
Segundo a assessoria de imprensa da Previ, a Bancoop está adimplente com o fundo de pensão, que já teria
resgatado 53% do capital investido. Da mesma forma, a Funcef afirma que a cooperativa tem honrado seus
compromissos normalmente. Maior investidora, a Petros ratifica a avaliação. De acordo com o presidente do fundo,
Wagner Pinheiro, os papéis Fdic Bancoop têm apresentado rentabilidade de 8,91%, superior às obrigações
contratuais dos títulos Petros - de 6% mais a variação anual da inflação medida pelo IPCA, e foram pagos
regularmente até hoje. Em 31 de julho, a Petros ainda tinha R$ 7.587,00 investidos na dívida da Bancoop.
Oposição lança suspeitas
BRASÍLIA. A suspeita de irregularidades na gestão da cooperativa imobiliária do Sindicato dos Bancários d e São Paulo -
a Bancoop - investigada em dois inquéritos do Ministério Público do Estado são "um sinal de alerta" na opinião
de políticos oposicionistas. Até a divulgação dos resultados da quebra de sigilo bancário da cooperativa, o que deve
acontecer em outubro, é impossível fazer qualquer ilação sobre o efetivo envolvimento do Partido dos Trabalhadores
com os problemas no caixa da Bancoop, observam. Mas a presença do PT na direção da cooperativa é encarada como
um indício dessa relação.
- A facilidade de captação dos recursos em fundos de pensão estatais e a forte ligação do PT com a administração da
cooperativa certamente dão contornos suspeitos a essa história - observa o líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos
Pannunzio (SP). - É importante que aguardar os resultados da investigação antes de afirmar qualquer coisa a esse
respeito, mas os indícios são fortes.
Para o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), o fato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter adquirido
cotas para a compra de um apartamento construído pela cooperativa pode ser visto como indicativo de que as
irregularidades são desconhecidas pelos dirigentes do PT e do próprio presidente da República.
- É difícil acreditar que Lula fosse investir seu dinheiro em um empreendimento que ele soubesse estar comprometido
a esse ponto, no qual ele poderia até perder patrimônio - pondera Agripino. - Não dá para falar em desvio de dinheiro,
em fraude, nesse momento. Vamos ficar atentos à investigação do Ministério Público.
O que chama a atenção do senador no caso é a participação a de militantes do PT na direção da Bancoop.
- Em matéria de administração, esse partido é um desastre. Não consegue conduzir um governo a contento, não é bem
sucedido sequer com os negócios particulares em que se envolve - ironiza Agripino.
Denúncia partiu dos sócios
Karla Correia
BRASÍLIA. As duas investigações hoje em curso no Ministério Público - uma civil, que apura se a Bancoop atua de fato
como uma cooperativa, sem objetivo de lucro, e outra criminal, motivada pela suspeita de desvio de recursos e apropriação
indébita -- começaram a partir de uma representação apresentada pelos cooperados por conta de uma singularidade.
Chamou a atenção dos associados o fato de o fornecimento de materiais e serviços para os empreendimentos sempre
ser feito por empresas que pertenciam a membros da diretoria da cooperativa - o que, de antemão, seria uma irregularidade,
como explica um dos advogados que representa os cooperados nas ações judiciais.
Também se mostrou impossível, afirmam os advogados, acompanhar com lupa a saúde financeira dos empreendimentos,
como é recomendável nesse tipo de aplicação. Em 2004, a Bancoop unificou os caixas de todas as obras em uma só
conta bancária, dificultando saber qual empreendimento é deficitário e qual estaria no azul. O normal, nesses casos,
seria manter uma conta para cada empreendimento, possibilitando que, a cada reunião dos associados, o estado
financeiro das obras seja exposto com clareza pela diretoria da cooperativa.
Sem essa transparência, os tais "saldos residuais" são impostos aos cooperados, sem que estes tenham
condições de verificar sua real necessidade, alega a defesa dos associados.
Os mutuários do empreendimento Torres da Mooca entraram com a representação no Ministério Público, que logo juntou
ao processo os casos de outros empreendimentos da cooperativa que apresentavam o mesmo tipo de irregularidade.
Hoje, ao menos dez dos 47 empreendimentos tocados pela Bancoop estão paralisados por falta de recursos. Um total
de 3 mil associados correm risco de perder seus imóveis e o dinheiro investido na cooperativa, mas o problema atinge
todos os 15 mil cooperados - mesmo aqueles que já teriam quitado seus apartamentos . Todos são obrigados a arcar
com os saldos residuais das obras deficitárias. No final, avalia o Ministério Público, o valor pago por apartamento
é equivalente aos preços praticados no mercado por incorporadoras comuns, que visam o lucro financeiro. Vantagem
zero para os cooperados.
Segundo os advogados que representam associados da cooperativa, a Bancoop não realiza assembléias para discutir
esses pagamentos e ações. Os nomes dos "inadimplentes" são publicados em boletins informativos enviados
mensalmente aos mutuários. Quem se recusa a pagar o excedente entra na "lista negra" da cooperativa,
pode sofrer ação de reintegração de posse e perder o imóvel adquirido da Bancoop. E, com ele, todo o dinheiro investido
pelos associados no bem oferecido pela cooperativa a quase metade dos valores de mercado.
Outra matéria:
JORNAL DO BRASIL, 10/9/2007
Bancoop também atraiu companheiros
Karla Correia
A promessa da cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Bancoop, de vender imóveis a um preço 40% inferior
ao praticado no mercado atraiu, além do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, outros integrantes do governo e do PT.
Segundo advogados que representam os cooperados, o assessor especial da Presidência da República Aurélio Pimentel
e o ex-chefe do Gabinete Regional da Presidência da República em São Paulo José Carlos Espinoza possuem apartamentos
em um dos edifícios do empreendimento Torres da Mooca, que motivou a representação de associados da Bancoop contra
a cooperativa.
Os dois ganharam as páginas dos jornais durante a campanha presidencial de 2006 como os "aloprados"
envolvidos no escândalo da compra do dossiê contra candidatos tucanos. Também ligado ao caso, Oswaldo Bargas é dono
do apartamento 174 B do edifício Anália Franco, construído pela Bancoop. Os dois empreendimentos são citados
na investigação contra a cooperativa.
- Na época, há mais ou menos três anos, a cúpula do governo investiu em imóveis da Bancoop - relata uma advogada
que representa associados da cooperativa.
Segundo os cooperados, os apartamentos que hoje pertencem a Aurélio Pimentel e José Carlos Espinoza - 183 B e 203 B,
respectivamente - estavam entre os imóveis que, na ocasião do sorteio de unidades, foram listados como objeto de permuta
e, dessa forma, não foram incluídos entre os apartamentos sorteados.
- Não temos idéia do que teria sido oferecido como contrapartida nessa permuta - lamenta a advogada.
A oferta de imóveis pela cooperativa como pagamento de serviços ou matéria-prima é incluída no rol de irregularidades
identificadas pelo Ministério Público que levaram à abertura de inquérito para investigar a Bancoop.
- Essas anomalias ou irregularidades na gestão da cooperativa praticadas pelos seus administradores à revelia dos cooperados,
são suscetíveis de tornar lícita a dedução de que ela vem sendo utilizada para encobrir o exercício de atividade econômica
com o fim de lucro - observa o procurador Marco Antônio Zanellato, em voto pela abertura de ação civil contra a Bancoop.
A ação civil iniciada pelo Ministério Público investiga se a Bancoop atua, de fato, como cooperativa, sem finalidade de lucro.
No entender do procurador, a cooperativa do Sindicato dos Bancários tem, ao contrário do que promete, vendido apartamentos
a preços equivalentes aos praticados por incorporadoras normais, mesmo mantendo os benefícios fiscais.
Zanelatto ainda aponta a unificação das contas dos empreendimentos e a pouca participação dos cooperados na tomada
de decisões pela Bancoop como indícios de falta de transparência da cooperativa em relação a seus associados.
A cooperativa também é investigada em inquérito criminal que apura suspeitas de desvio de recursos, apropriação
indébita e lavagem de dinheiro.
Cerca de 3 mil cooperados correm o risco de perder seu patrimônio com a paralisação das obras em ao menos 10 empreendimentos
da Bancoop, que alega falta de recursos para continuar a construção desses edifícios. O prejuízo, entretanto, pode atingir
a todos os 15 mil associados da cooperativa, uma vez que os saldos adicionais impostos pela Bancoop para complementar
o caixa dos empreendimentos deficitários são divididos entre todos os cooperados. A cooperativa argumenta que os imóveis
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