cooperativas na mira (brasilia)

Brasília, domingo, 07 de janeiro de 2007

Polícia intensifica investigação contra cooperativas


Helena Mader

Do Correio Braziliense

http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2692246&sub=Distrito


03/12/2006
08h27-Depois de investigações do Ministério Público e sindicâncias do governo, a Polícia Civil também entrou no caso das cooperativas habitacionais irregulares. A Delegacia do Consumidor (Decon) está analisando denúncias contra seis entidades envolvidas com gestão fraudulenta e estelionato. Outros inquéritos sobre fraudes já foram concluídos e encaminhados à Justiça. Entre as entidades investigadas estão associações de baixa renda e cooperativas para a classe média. As reclamações dos cooperados são as mais variadas: casas construídas com material sem qualidade, presidentes que somem com o dinheiro dos participantes da entidade e atraso na entrega de escritura dos imóveis.


Entre os inquéritos da Decon há uma investigação sobre o trabalho da Cooperativa Habitacional dos Sem Moradia do Recanto das Emas. Segundo a polícia, os representantes receberam lotes do governo e cobraram R$ 3 mil dos cooperados para entregar os terrenos. Além disso, os interessados deveriam pagar 24 parcelas de R$ 255. Mas a entidade não repassou o dinheiro à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) e, por isso, os participantes da cooperativa não puderam receber os imóveis e as escrituras.



Outra entidade que pode estar envolvida com irregularidades é a Associação Habitacional dos Evangélicos do Guará. Muitos cooperados procuraram a polícia porque a empresa Conceito, contratada pela entidade para construir as casas, teria utilizado material de baixa qualidade na obra. “Isso poderia até colocar em risco a vida de quem comprou as casas”, diz o delegado Antônio Anapolino de Souza, chefe da Decon.



Desclassificação
Outra novidade que mobilizou o movimento de luta pela moradia foi a exclusão de 76 das 80 cooperativas pré-selecionadas no edital lançado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação no ano passado. O governo cadastrou 525 entidades para vender 1,6 mil terrenos no Recanto das Emas e na Cidade Ocidental a preços bem abaixo do mercado.



Na primeira etapa, 75 foram desclassificadas. Das 450 que seguiram no processo, 80 foram escolhidas e convocadas a apresentar documentos. Mas apenas quatro foram aprovadas. As outras deixaram de apresentar documentos dos cooperados indicados para receber os imóveis.



A auxiliar de educação Helizabetti Barbosa Silva, 45 anos, se filiou à Cooperativa Habitacional Moradores Unidos do DF há oito anos. Ela mora em Samambaia com a família e gasta R$ 200 por mês com aluguel. “Estava com esperança de receber um lote no Recanto das Emas e fiquei decepcionada com a exclusão da cooperativa. O governo deveria rever os critérios”, critica Helizabetti.



Elizete Araújo Lima, presidente da Cooperativa Habitacional Moradores Unidos do DF, também ficou revoltada com a desclassificação publicada no Diário Oficial do Distrito Federal da última quarta-feira. A entidade já beneficiou 25 pessoas com lotes em Samambaia e promete recorrer à Justiça para não ficar de fora. “Somos uma associação séria e não cobramos taxas mensais dos cooperados. Deixamos de entregar os documentos de apenas duas pessoas, que desistiram do edital porque não queriam morar na Cidade Ocidental. Só por isso as outras pessoas vão ser prejudicadas?”, questiona Elizete.