Petistas presos querem que partido assuma culpa - ESTADÃO
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Petistas presos querem que partido assuma culpa - ESTADÃO
RICARDO GALHARDO - O ESTADO DE S.PAULO
26 Junho 2016 | 05h 00 - Atualizado: 26 Junho 2016 | 05h 00
Os três petistas presos pela Operação Lava Jato, João Vaccari Neto, José Dirceu e André Vargas, querem que
a legenda assuma institucionalmente a responsabilidade pelos desvios na Petrobrás. A ideia ganhou força na
quinta-feira passada, quando a sede da legenda em São Paulo foi alvo de ação de busca e apreensão da Polícia
Federal. Nos últimos dias, dirigentes passaram a defender internamente que o partido avalie a proposta na
próxima reunião do diretório nacional do PT, marcada para 19 e 20 de julho.
Em conversas com parlamentares petistas que foram visitá-lo na carceragem da PF em Curitiba, Vaccari encaminhou
a questão ao partido. O ex-tesoureiro da sigla argumenta que o alvo final da Lava Jato e operações derivadas não
é sua pessoa física, é o PT enquanto instituição. O fato de a sede da legenda ter sido ocupada pela PF na quinta-feira
reforça o argumento dos defensores da tese.
Preso em agosto de 2015, José Dirceu recebeu propina na forma de consultorias, diz a Lava Jato
Preso há um ano e dois meses condenado a 24 anos de detenção, o ex-tesoureiro tem se queixado do imobilismo
do PT diante de sua situação. Vaccari diz não ver uma saída e teme novas condenações.
A alguns companheiros afirmou sentir-se “abandonado”. Parentes do petista também têm reclamado
da falta de atenção do partido.
Embora Vaccari não tenha expressado aos companheiros intenção de fazer delação premiada, as queixas levaram
preocupação à direção petista. Na última reunião da executiva nacional do PT, em maio, o presidente do partido,
Rui Falcão, pediu que os parlamentares petistas intensifiquem as “visitas humanitárias” ao ex-tesoureiro.
Ao menos quatro deputados estiveram em Curitiba desde então. Um cronograma de visitas está sendo elaborado
pela direção. Nas próximas semanas um grupo de senadores deve ir ao encontro de Vaccari.
Tratamento diferenciado. De acordo com integrantes da cúpula do PT que não quiseram se identificar, Dirceu
e Vargas também enviaram sinais no mesmo sentido. O partido, no entanto, tem diferenciado Vaccari dos outros
dois presos.
O ex-tesoureiro é visto como uma espécie de mártir da legenda. O argumento é que ele não embolsou os recursos
dos quais é acusado de ter operado. A solidariedade a ele é quase unânime no PT. Recentemente, o também
ex-tesoureiro Delúbio Soares, que passou dez meses preso por envolvimento no mensalão, manifestou
a integrantes do partido preocupação com a situação de Vaccari.
Outro defensor das manifestações de solidariedade ao ex-tesoureiro é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Já Dirceu e Vargas, segundo as investigações, usaram recursos para bancar despesas pessoais, uma ofensa
à ética interna. Mesmo assim, a direção tem incentivado as “visitas humanitárias” ao ex-ministro, condenado
a 20 a anos de prisão, e ao ex-deputado, que recebeu pena de 14 anos de detenção.
Custo Brasil. Na prática, a cobrança é para que o PT diga formalmente que os desvios investigados pela
Lava Jato foram feitos em nome da legenda e não por iniciativa pessoal de filiados. Nas conversas com
parlamentares, Vaccari sugeriu que a admissão venha acompanhada pela defesa da necessidade de uma
reforma no sistema eleitoral.
Não existe uma fórmula para colocar a ideia em prática nem a garantia de que a proposta possa beneficiar
pessoalmente os petistas presos. Mas a sugestão é objeto de conversas frequentes no PT. Alguns petistas lembram
o fato de outras siglas, como PMDB, PP, PSB e PSDB, também terem sido citadas na Lava Jato, o que reforçaria
o discurso de falência do sistema político.
A cobrança de Vaccari levou a direção petista a duas questões. A primeira, ainda sem resposta, é se a admissão
de responsabilidade é conveniente ao PT ou pode implicar dirigentes que até agora passaram ilesos. A segunda
é se o endereço final da Lava Jato é realmente a sigla.
Esta pergunta começou a ser respondida na quinta-feira, com a inédita ocupação da sede do partido pela PF
na Operação Custo Brasil, derivada da Lava Jato, que levou à prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo
Bernardo e outro ex-tesoureiro do PT, Paulo Ferreira. Em conversas recentes Falcão avaliou que a ação da
PF deixou explícito algo que já era cogitado internamente: o alvo é o PT e não apenas seus dirigentes.
Lideranças petistas apontam outros indícios de uma suposta ofensiva institucional contra a legenda, como
declarações de integrantes do Ministério Público sobre a possibilidade do crime de “improbidade partidária”,
a volta da tese do domínio do fato – usada para condenar os envolvidos no mensalão – e, principalmente, as
pesadas multas impostas pela Justiça Eleitoral que podem levar à asfixia financeira do partido.
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,petistas-presos-querem-que-partido-assuma-culpa,10000059313
26 Junho 2016 | 05h 00 - Atualizado: 26 Junho 2016 | 05h 00
João Vaccari, José Dirceu e André Vargas cobram mea-culpa
institucional da legenda por corrupção na Petrobrás; ideia
ganhou força com ação da PF na sede do PT
Os três petistas presos pela Operação Lava Jato, João Vaccari Neto, José Dirceu e André Vargas, querem que
a legenda assuma institucionalmente a responsabilidade pelos desvios na Petrobrás. A ideia ganhou força na
quinta-feira passada, quando a sede da legenda em São Paulo foi alvo de ação de busca e apreensão da Polícia
Federal. Nos últimos dias, dirigentes passaram a defender internamente que o partido avalie a proposta na
próxima reunião do diretório nacional do PT, marcada para 19 e 20 de julho.
Em conversas com parlamentares petistas que foram visitá-lo na carceragem da PF em Curitiba, Vaccari encaminhou
a questão ao partido. O ex-tesoureiro da sigla argumenta que o alvo final da Lava Jato e operações derivadas não
é sua pessoa física, é o PT enquanto instituição. O fato de a sede da legenda ter sido ocupada pela PF na quinta-feira
reforça o argumento dos defensores da tese.
Preso em agosto de 2015, José Dirceu recebeu propina na forma de consultorias, diz a Lava Jato
Preso há um ano e dois meses condenado a 24 anos de detenção, o ex-tesoureiro tem se queixado do imobilismo
do PT diante de sua situação. Vaccari diz não ver uma saída e teme novas condenações.
A alguns companheiros afirmou sentir-se “abandonado”. Parentes do petista também têm reclamado
da falta de atenção do partido.
Embora Vaccari não tenha expressado aos companheiros intenção de fazer delação premiada, as queixas levaram
preocupação à direção petista. Na última reunião da executiva nacional do PT, em maio, o presidente do partido,
Rui Falcão, pediu que os parlamentares petistas intensifiquem as “visitas humanitárias” ao ex-tesoureiro.
Ao menos quatro deputados estiveram em Curitiba desde então. Um cronograma de visitas está sendo elaborado
pela direção. Nas próximas semanas um grupo de senadores deve ir ao encontro de Vaccari.
Tratamento diferenciado. De acordo com integrantes da cúpula do PT que não quiseram se identificar, Dirceu
e Vargas também enviaram sinais no mesmo sentido. O partido, no entanto, tem diferenciado Vaccari dos outros
dois presos.
O ex-tesoureiro é visto como uma espécie de mártir da legenda. O argumento é que ele não embolsou os recursos
dos quais é acusado de ter operado. A solidariedade a ele é quase unânime no PT. Recentemente, o também
ex-tesoureiro Delúbio Soares, que passou dez meses preso por envolvimento no mensalão, manifestou
a integrantes do partido preocupação com a situação de Vaccari.
Outro defensor das manifestações de solidariedade ao ex-tesoureiro é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Já Dirceu e Vargas, segundo as investigações, usaram recursos para bancar despesas pessoais, uma ofensa
à ética interna. Mesmo assim, a direção tem incentivado as “visitas humanitárias” ao ex-ministro, condenado
a 20 a anos de prisão, e ao ex-deputado, que recebeu pena de 14 anos de detenção.
Custo Brasil. Na prática, a cobrança é para que o PT diga formalmente que os desvios investigados pela
Lava Jato foram feitos em nome da legenda e não por iniciativa pessoal de filiados. Nas conversas com
parlamentares, Vaccari sugeriu que a admissão venha acompanhada pela defesa da necessidade de uma
reforma no sistema eleitoral.
Não existe uma fórmula para colocar a ideia em prática nem a garantia de que a proposta possa beneficiar
pessoalmente os petistas presos. Mas a sugestão é objeto de conversas frequentes no PT. Alguns petistas lembram
o fato de outras siglas, como PMDB, PP, PSB e PSDB, também terem sido citadas na Lava Jato, o que reforçaria
o discurso de falência do sistema político.
A cobrança de Vaccari levou a direção petista a duas questões. A primeira, ainda sem resposta, é se a admissão
de responsabilidade é conveniente ao PT ou pode implicar dirigentes que até agora passaram ilesos. A segunda
é se o endereço final da Lava Jato é realmente a sigla.
Esta pergunta começou a ser respondida na quinta-feira, com a inédita ocupação da sede do partido pela PF
na Operação Custo Brasil, derivada da Lava Jato, que levou à prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo
Bernardo e outro ex-tesoureiro do PT, Paulo Ferreira. Em conversas recentes Falcão avaliou que a ação da
PF deixou explícito algo que já era cogitado internamente: o alvo é o PT e não apenas seus dirigentes.
Lideranças petistas apontam outros indícios de uma suposta ofensiva institucional contra a legenda, como
declarações de integrantes do Ministério Público sobre a possibilidade do crime de “improbidade partidária”,
a volta da tese do domínio do fato – usada para condenar os envolvidos no mensalão – e, principalmente, as
pesadas multas impostas pela Justiça Eleitoral que podem levar à asfixia financeira do partido.
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,petistas-presos-querem-que-partido-assuma-culpa,10000059313
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