Delcídio teria dito que Lula mandou comprar silêncio do Cerveró -SITE JN GLOBO
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Delcídio teria dito que Lula mandou comprar silêncio do Cerveró -SITE JN GLOBO
Edição do dia 03/03/2016
03/03/2016 21h31 - Atualizado em 03/03/2016 21h36
Delcídio teria dito que Lula mandou comprar silêncio do Cerveró
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A revista IstoÉ também trouxe trechos da delação premiada de Delcídio do Amaral em que
o senador fala sobre o ex-presidente Lula.
De acordo com a reportagem, Delcídio do Amaral afirmou que o ex-presidente Lula "tinha conhecimento do propinoduto
instalado na Petrobras e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações, inclusive sendo o mandante de pagamento
de dinheiro para tentar comprar o silêncio de testemunhas".
Delcidio contou, de acordo com a revista, "que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou o esquema do pagamento
de uma mesada ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró para tentar evitar sua delação premiada”.
Delcídio foi preso depois de ser gravado pelo filho de Cerveró no que o MP considerou uma tentativa de evitar que esta delação fosse feita.
Segundo a revista, Delcídio disse que Lula não queria que o ex-diretor da Petrobras mencionasse o esquema do pecuarista José Carlos Bumlai
na compra de sondas superfaturadas feitas pela estatal.
Lula teria pedido "expressamente para que ele ajudasse o amigo e pecuarista José Carlos Bumlai, porque supostamente ele estaria implicado
nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró".
Delcídio contou que aceitou intermediar a operação e que a primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue por ele próprio em mãos ao então
advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, após receber a quantia do filho de José Carlos Bumlai, Mauricio Bumlai. As entregas de valores à família
de Nestor Cerveró se repetiram em outras oportunidades. O total recebido pela família de Cerveró, segundo Delcídio, foi de R$ 250 mil.
Segundo Delcidio, "ao contrário do que afirma o ex-presidente, Bumlai goza de total intimidade com ele, representando de certa maneira
o papel de conselheiro da família Lula”. Segundo o depoimento, “Bumlai foi o principal responsável pela implantação do Instituto Lula,
disponibilizando todo o aparato logístico e financeiro”.
“Foi também a pessoa que ficou responsável, em um primeiro momento, pelas obras do sítio de Atibaia, do ex-presidente Lula”, segundo
o depoimento mostrado pela revista. Delcídio disse que Bumlai já tinha contratado arquiteto e engenheiro, mas Leo Pinheiro, outro grande
amigo do presidente, pessoalmente se dispôs a fazer o serviço através da OAS em um curto espaço de tempo.
E ainda há mais denúncias na delação de Delcídio, segundo a revista IstoÉ.
Nos depoimentos, o senador disse que o publicitário Marcos Valério,condenado no processo do mensalão, exigiu R$ 220 milhões para
se calar na CPI dos Correios sobre o esquema.
Delcídio, segundo a IstoÉ, afirma que ele e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, tentaram negociar o pagamento, mas que foi
o ex-ministro Antonio Palocci quem assumiu a tarefa.
Segundo Delcídio, em fevereiro de 2006, ele se reuniu com Okamotto e com o presidente Lula, "sendo que na conversa Delcidio disse
expressamente ao presidente: ‘acabei de sair do gabinete daquele que o senhor enviou a Belo Horizonte’. E alertou: ‘corra, presidente.
Senão as coisas ficarão piores do que estão’".
Ainda de acordo com a reportagem, Delcidio, que foi presidente da CPI dos Correios em 2005, disse ter testemunhado na madrugada do
dia 5 de abril de 2006 as tratativas ilícitas para retirada do relatório final da CPI dos nomes de Lula e do filho Fabio em um acordo com
a oposição. Delcidio teria afirmado também que a votação do relatório da CPI, que poupou o ex-presidente Lula, foi duvidosa.
Assim, segundo a revista, Lula se salvou de um impeachment.
As denúncias de Delcidio também chegaram à CPI do Carf, que tentou investigar a venda de medidas provisórias.
Delcidio afirmou aos procuradores da Lava Jato que como líder do governo foi pressionado por Lula para que os empresários Mauro
Marcondes e Cristina Mautoni não fossem depor na CPI. Ele revelou que o ex-presidente temia que o casal pudesse implicar seus filhos
no escândalo. Delcidio disse que "tem conhecimento de que um dos temas que mais aflige o presidente Lula é a CPI do Carf”,
o Conselho Administrativos de Recursos Fiscais, que é uma espécie de tribunal administrativo que julga recursos de empresas contra
multas da Receita.
Delcidio diz que. Por várias vezes o próprio Lula solicitou a ele que agisse para evitar a convocação do casal para depor. Lula alegava
que estava muito preocupado com eles, mas, em verdade, Lula estava preocupado com implicações à sua própria família, especialmente
os filhos Fabio Luis Lula da Silva e Luiz Claudio Lula da Silva. Em resposta a insistência de Lula, Delcidio, como líder do governo no Senado,
mobilizou a base do governo para derrubar os requerimentos de convocação do casal na reunião em novembro de 2015. E segundo
a revista, conseguiu barrar a convocação do casal.
O Jornal Nacional apurou que o casal chegou a ser convocado, sim. Mas Mauro Marcondes não foi, alegando problemas de saúde.
E no caso de Cristina, a data do depoimento não chegou a ser marcada.
Os depoimentos de Delcidio do Amaral começaram a ser colhidos na quinta-feira, dia 11 de fevereiro, logo depois do carnaval e se
estenderam até domingo, dia 14. Os investigadores esperavam colher mais depoimentos de Delcidio, mas em muitos momentos o
clima ficou tenso: o senador resistiu, demonstrou cansaço e impaciência, ameaçou desistir da delação premiada. Por isso, acabou
deixando nos procuradores e delegados a impressão de que sabia ainda mais do que já contou.
A defesa de Maurício Bumlai disse que não se manifesta sobre vazamentos de uma suposta delação que sequer está confirmada.
E que só irá falar depois do acesso oficial ao documento.
Paulo Okamotto disse que duvida que o senador tenha feito tais afirmações. E que estes fatos nunca existiram.
A assessoria de Antônio Palocci afirmou que os supostos eventos que teriam sido relatados pelo senador Delcídio do Amaral envolvendo
o nome dele não correspondem com a verdade.
Que os contatos e telefonemas não existiram. E que Palloci jamais tratou com o senador Delcídio do Amaral dos assuntos relatados
pela reportagem da revista.
As defesas de Marcos Valério, de José Carlos Bumlai e de Léo Pinheiro não quiseram se manifestar.
Nós não conseguimos contato com as defesas de Edson Ribeiro, de Nestor Cerveró, de Fernando Baiano, de Mauro Marconde
e de Cristina Mautoni.
A assessoria do ex-presidente Lula divulgou uma nota sobre as denúncias. Disse que as acusações contra Lula são completamente
falsas. Que o ex-presidente jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, antes, durante ou depois de seu governo.
Por fim, a nota diz que a sociedade brasileira não pode ficar à mercê do que chamou de "jogo de vazamentos ilegais, acusações sem
provas e denúncias sem fundamento”.
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