PT foi ‘real beneficiário’ de empréstimo fraudulento do Banco Schahin, diz Lava Jato
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PT foi ‘real beneficiário’ de empréstimo fraudulento do Banco Schahin, diz Lava Jato
José Carlos Bumlai
[size=42]PT foi ‘real beneficiário’ de empréstimo fraudulento do Banco Schahin, diz Lava Jato[/size]
POR FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO, MATEUS COUTINHO E EDSON FONSECA
14/12/2015, 16h43
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Segundo coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, "o PT tinha uma
dívida com a Schahin e o pagamento dessa dívida se daria mediante
ato de ofício da Petrobrás”
Foto: Reprodução/Google StreetView
O Ministério Público Federal afirmou nesta segunda-feira, 14, que o PT foi o
‘real beneficiário’ de um empréstimo de R$ 12 milhões tomado, em 2004, pelo
empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula,
junto ao Banco Schahin. Em denúncia contra Bumlai e outros 10 investigados,
a Procuradoria da República afirma que o empréstimo foi fraudulento e teria
sido ‘pago’ ao Grupo Schahin por meio de um contrato de US$ 1,6 bilhão
de operação do navio-sonda Vitoria 10000, da Petrobrás.
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- A ÍNTEGRA DA DENÚNCIA PDF
“Ato de ofício da Petrobrás vendido em troca da quitação do empréstimo,
ou seja, o PT tinha uma dívida com a Schahin e o pagamento dessa dívida se
daria mediante ato de ofício da Petrobrás feita com o Grupo Schahin”, disse
o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador da República Deltan
Dallagnol.
A denúncia detalha a operação e aponta que ao empréstimo de R$ 12 milhões
se somaram outras transações. “Em que pese tomado formalmente em nome
de José Carlos Bumlai, o empréstimo se destinava ao PT, sendo tal fato de
conhecimento das partes envolvidas, tendo ocorrido, aí, interposição fraudulenta
com a celebração de documentos falsos para encobri-la. Ademais, o empréstimo
de alto valor foi feito sem garantias reais.”
Bumlai, o clã Schahin, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outros seis
investigados foram denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro pela
força-tarefa da Lava Jato. O amigo de Lula foi preso em 24 de novembro na
Operação Passe Livre.
“A verdadeira quitação do valor foi feita não pelos negócios simulados, mas
sim pelo direcionamento ilegal, do já mencionado contrato de operação de sonda,
pela Petrobrás, o que foi feito por funcionários desta e mediante influência
do Partido dos Trabalhadores, real beneficiário do empréstimo original, em
benefício de outra empresa do Grupo Schahin”, aponta a denúncia.
A dívida de R$ 12 milhões, tomada em 2004, não foi paga e se multiplicou
a partir de nova operação, aponta a Procuradoria. Em 27 de dezembro de 2005
foi concedido novo empréstimo fraudulento, segundo a denúncia, agora em
benefício da Agro Caieiras, ‘com a finalidade de dar quitação para o primeiro
mútuo tomado e inadimplido por José Carlos Bumlai no ano de 2004′.
A transação foi oculta do Banco Central, de acordo com a denúncia, e a dívida
foi rolada ‘para evitar a provisão de créditos de liquidação duvidosa’.
“Em outras palavras, o Banco Schahin emprestou R$ 18.204.036,81 para Agro
Caieiras, que transferiu este valor para José Carlos Bumlai quitar o empréstimo
originário com o Banco Schahin, surgindo uma nova dívida, agora da Agro
Caieiras perante o Banco Schahin. Até 28 de março de 2007, esse novo mútuo
também não havia sido adimplido, o que obrigou o Banco Schahin a ceder
o crédito para a Schahin Securitizadora de Créditos Financeiros S/A, empresa
do Grupo Schahin, que passou a ser a credora da dívida, novamente
para evitar o provisionamento do montante”, detalha a Procuradoria.
A denúncia alcança um filho (Maurício Bumlai) e uma nora (Cristiane Bumlai)
do amigo do ex-presidente Lula.
“Em 28 de dezembro de 2009, José Carlos Bumlai, Cristiane Dodero Bumlai
e Mauricio Barros Bumlai e a Schahin Securitizadora de Créditos Financeiros
S/A simularam a quitação do referido empréstimo por intermédio de um
conjunto de negócios jurídicos falsos que culminaram na assinatura do
recibo de quitação.”
Os procuradores identificaram lançamentos de descontos na contabilidade
da Schahin Securitizadora ‘que não estavam amparados por documentos,
a fim de camuflar as operações fraudulentas’. Segundo os procuradores,
embora a dívida somasse R$ 49.670.175,86 constou em instrumento de
liquidação e transação o valor de R$ 18.294.043,50. “Some-se que houve,
ainda, um perdão injustificado de dívida de devedor solvente, pois
a Schahin poderia ter, desde o vencimento do primeiro empréstimo
concedido em 2004, executado o devedor.”
“A operação tinha por objetivo ocultar e dissimular o pagamento da
vantagem indevida em benefício direto do Partido dos Trabalhadores
e dos denunciados José Carlos Bumlai, Cristiane Dodero Bumlai
e Mauricio de Barros Bumlai”.
Empréstimo. No segundo semestre de 2004, em São Paulo, Bumlai
procurou Sandro Tordin, então presidente do Banco Schahin, a quem
afirmou que ‘necessitava de um empréstimo urgente no valor de
R$ 12 milhões’. Segundo a denúncia, Tordin orientou o pecuarista
a fazer o preenchimento de cadastro no banco e a iniciar os trâmites
burocráticos internos. Bumlai não era sequer correntista do banco.
A Procuradoria revela empenho de dois personagens emblemáticos do
PT na transação: Delúbio Soares, então tesoureiro do partido, e José
Dirceu, ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula.
“Poucos dias depois da primeira reunião, Bumlai telefonou para Sandro
Tordin solicitando um novo encontro no mesmo lugar, ocorrendo outra
reunião entre Sandro Tordin, Carlos Eduardo Schahin, Milton Schahin,
Salim Schahin (que também permaneceu por pouco tempo) e José Carlos
Bumlai que, desta vez, veio acompanhado de Delúbio Soares, então
tesoureiro do Partido dos
Trabalhadores”, descreve a denúncia.
Segundo os procuradores, Delúbio Soares ressaltou a urgência do empréstimo,
detalhando os termos do financiamento pretendido e confirmando o interesse
do Partido dos Trabalhadores para que a operação fosse concluída com
a maior brevidade possível.
“Como evidência adicional, o ex-tesoureiro afirmou que a ‘Casa Civil’ procuraria
um dos acionistas do Banco Schahin. De fato, dias após a referida reunião,
o então acionista do Banco Schahin, Salim Schahin recebeu um telefonema de
José Dirceu tratando de amenidades. Conforme o próprio Salim Schahin, não
havia razão que explicasse o telefonema do ex-ministro da Casa Civil a não
ser o interesse na agilização do empréstimo em favor do Partido dos
Trabalhadores.”
Bumlai foi interrogado pela Polícia Federal nesta segunda-feira. Ele havia sido
indiciado na sexta-feira, 11, pela prática dos crimes de corrupção passiva
e gestão fraudulenta.
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/pt-foi-real-beneficiario-de-emprestimo-fraudulento-do-banco-schahin-diz-lava-jato/
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