Odebrecht é dona de conta de onde partiram propinas
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Odebrecht é dona de conta de onde partiram propinas
Odebrecht é dona de conta de onde partiram propinas
[size=14]POR THIAGO HERDY[/size]
27/09/2015 9:24 / atualizado 27/09/2015 9:35
Hilberto: Suíça pediu à Justiça brasileira que diretor fosse ouvido sobre conta - Reprodução
SÃO PAULO - Longe dos holofotes da Operação Lava-Jato, um diretor e funcionário de
confiança da Odebrecht está diretamente ligado a uma das provas de pagamento de
propina pela empreiteira no exterior a ex-dirigentes da Petrobras.
Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho é quem assina carta localizada por autoridades
suíças na sede do banco PKB.
No texto, ele afirma que a Odebrecht é a única responsável pela conta da
offshore Smith & Nash no banco.
De acordo com o MPF, foi por meio desta conta que a Odebrecht pagou propinas
a Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Jorge Zelada,
integrantes da cúpula da estatal no governo Lula.
O GLOBO verificou que a assinatura de Hilberto na carta endereçada ao banco
suíço, de 2013, é a mesma usada por ele em uma procuração para processo de
despejo do inquilino de um de seus imóveis, em São Paulo.
A semelhança reforça a autenticidade do documento suíço e a relação da Odebrecht
com os pagamentos da Smith & Nash.
De acordo com extratos obtidos na Lava-Jato, entre 2006 e 2011 a Odebrecht
repassou US$ 45,4 milhões à Smith&Nash.
Por sua vez, a offshore repassou US$ 9,5 milhões e 1,9 milhões de francos suíços
para a conta de diretores da Petrobras ou offshores intermediárias.
Há dois meses, autoridades suíças pediram à Justiça brasileira que Hilberto fosse
ouvido sobre a conta no exterior, mas a oitiva ainda não ocorreu.
Desde a chegada na Odebrecht como estagiário, em 1975, Hilberto ocupou diferentes
cargos executivos.
Participou do conselho de administração da Braskem e foi assessor
da diretoria financeira.
Atualmente, é diretor da holding, com salário de R$ 77 mil, segundo o contracheque
de dezembro de 2014.
Em carta aberta para celebrar 30 anos de empresa, escreveu ter orgulho da “modesta
contribuição à transformação do nosso negócio petroquímico em líder na América Latina”
e referiu-se a Emílio Odebrecht como seu “líder educador”.
HIGH SOCIETY BAIANO
A relação de intimidade com o clã Odebrecht extrapola os negócios na área de construção.
Ele teve participação na gestão de restaurantes em Salvador quando a família Odebrecht
investiu na rede Baby Beef e na revitalização do Chez Bernard, o mais famoso restaurante
francês da capital baiana.
Os irmãos Marcelo e Maurício Odebrecht marcaram presença no casamento de seu filho
Rodrigo, em 2008.
Não foi a única vez — colunas sociais da Bahia registram a intimidade do diretor com
a família e também amizade das mulheres de Marcelo e Hilberto.
Em junho deste ano, três dias depois da prisão de Marcelo, Célia Silva, a mulher
de Hilberto, trocou a foto de seu perfil no Facebook pela marca da empresa onde
o marido trabalha.
Ao contrário dos patrões, Hilberto é figura carimbada em eventos do high society baiano.
Frequenta camarotes do Festival de Verão e do carnaval de Salvador.
Quando o publicitário Nizan Guanaes promoveu festa em Nova York para comemorar
o aniversário do apresentador Luciano Huck, em 2010, convidou Hilberto e a esposa.
Os dois recebem amigos com frequência na Quinta do Lago, propriedade ancorada na
beira do lago em Cabaceiras do Paraguaçu, na Bahia.
Sua mãe é uma das donas de uma ilha na Bahia de Todos os Santos, em Salvador,
onde mantém intacta antiga casa com senzala e recebe socialites para jogar tranca.
O pai é ex-presidente do Banco do Nordeste.
Localizado pelo GLOBO, por telefone, em viagem de trabalho ao exterior, Hilberto não
quis responder sobre a Smith & Nash:
— Estou proibido pelos advogados da empresa de falar qualquer coisa sobre o assunto.
Sou disciplinado, não vou falar.
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Por meio da assessoria, a Odebrecht informou que “as manifestações das defesas dos executivos e dos ex-executivos se darão nos autos do processo”.
Ao rebaterem a acusação de crime de lavagem de dinheiro, advogados de Rogério Araújo,
um dos executivos processados, deram pistas da linha de defesa da construtora em relação
aos pagamentos: alegará a incompetência do Brasil para processar e julgar pagamentos
realizados no exterior. “As hipotéticas operações financeiras, se existentes fossem,
teriam se desenrolado inteiramente em território estrangeiro, sem possibilitar a atuação
da Justiça Brasileira, ainda que de ilegalidade se estivesse falando”, escreveram.
Na petição, os advogados apontaram suposta “ilegalidade” da acusação: “Se a nunca
identificada ilicitude porventura ocorreu, ela se deu no exterior e haveria de ter sido
ao menos desenhada pela acusação quando descreveu os fatos tidos por criminosos”.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/odebrecht-dona-de-conta-de-onde-partiram-propinas-17619792#ixzz3mxOOogkd
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