Eu depositava oficialmente numa conta do PT
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Eu depositava oficialmente numa conta do PT
Eu depositava oficialmente numa conta do PT, diz delator sobre propina
Redação
03 setembro 2015 | 13:45
Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC. Foto: Marcos Bezerra/Futura Press
Atualizada às 13h52
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
O dono da UTC Engenharia Ricardo Pessoa afirmou em depoimento na quarta-feira, 2, na Justiça Federal
em Curitiba, que o ex-diretor de Serviços Renato Duque o encaminhava ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari
para pagamento de propina. O delator afirmou que fez depósitos oficiais em contas do partido. Pessoa
é um dos principais delatores da Lava Jato e ainda não teve sua delação premiada tornada pública.
Este foi o primeiro depoimento público do delator. Ricardo Pessoa, no entanto, não aparece nas imagens
da audiência na Justiça Federal. Desde o início dos processos da Lava Jato, os depoimentos são gravados
em vídeo e áudio. A defesa de Ricardo Pessoa pediu para que seu rosto não fosse mostrado. Durante
a audiência, o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, instruiu o delator para que ele não
citasse políticos com foro privilegiado durante o depoimento.
Pessoa disse que seu primeiro contato na Diretoria de Serviços da Petrobrás foi Pedro Barusco, então
gerente de Engenharia e braço-direito de Renato Duque. “Depois, o próprio Duque me procurou e começou
a dizer que eu tinha que fazer contribuições políticas que essas contribuições teriam que ir através do Vaccari.”
O juiz Sérgio Moro perguntou “Essas contribuições eram como parte do acerto de propina?”.
“Sim, como parte, mais claro impossível”, respondeu o empreiteiro. “Eu depositava oficialmente
numa conta do Partido dos Trabalhadores.”
O juiz insistiu. “Essa contribuição vinha do acerto de propinas para a Diretoria de Serviços?”
O empreiteiro respondeu. “Sim, para mim eu estava pagando a Vaccari, a mesma coisa.”
O delator falou à Justiça como testemunha de acusação no processo em que são réus o presidente
da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos ligados ao grupo.
Presidente da UTC Engenharia, ele é apontado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal
como o presidente do ‘clube vip’ das empreiteiras que se apossaram de contratos bilionários da
Petrobrás entre 2004 e 2014. Questionado pelo Ministério Público Federal se havia feito pagamento
de propina a funcionários da estatal, o delator confirmou.
“Sim. Eu paguei para o Pedro Barusco (ex-gerente executivo da Petrobrás). Renato Duque sempre
me encaminhou para o senhor João Vaccari. Eu nunca dei propina na mão dos senhor Renato Duque.
Era sempre encaminhado o assunto para o senhor João Vaccari”, afirmou Ricardo Pessoa.
Vaccari. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
PT, PMDB e PP são suspeitos de lotear diretorias da Petrobrás para arrecadar entre 1% e 3%
de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos
com empreiteiras organizadas em cartel. O esquema instalado na estatal foi desbaratado pela
força-tarefa da Lava Jato.
Ricardo Pessoa contou que os valores-base para pagamento de propina era de 1% para
a Diretoria de Serviços, comandada por Duque, e para a Diretoria de Abastecimento, liderada
por Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato. “A referência inicial era para a Diretoria
de Serviços 1%, para a Diretoria de Abastecimento 1%. Mas isso era só referência. Caberia
a negociação depois de cada um. Eu, por exemplo sempre negociei o máximo que eu pude.”
Pessoa foi preso em novembro de 2014, na Operação Juízo Final, etapa da Lava Jato que derrubou
o braço empresarial do esquema de propinas na estatal. O delator foi para regime domiciliar
em março deste ano.
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Tags: João Vaccari Neto, operação Lava Jato, PT, Renato Duque, Ricardo Pessoa
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/eu-depositava-oficialmente-numa-conta-do-pt-diz-delator-sobre-propina/
Redação
03 setembro 2015 | 13:45
Ricardo Pessoa, dono da UTC, declarou à Justiça Federal que Renato
Duque, então diretor de Serviços da Petrobrás, lhe pediu ‘contribuições
políticas’ para o partido; ele depôs como testemunha no processo contra
executivos da Odebrecht
Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC. Foto: Marcos Bezerra/Futura Press
Atualizada às 13h52
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
O dono da UTC Engenharia Ricardo Pessoa afirmou em depoimento na quarta-feira, 2, na Justiça Federal
em Curitiba, que o ex-diretor de Serviços Renato Duque o encaminhava ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari
para pagamento de propina. O delator afirmou que fez depósitos oficiais em contas do partido. Pessoa
é um dos principais delatores da Lava Jato e ainda não teve sua delação premiada tornada pública.
Este foi o primeiro depoimento público do delator. Ricardo Pessoa, no entanto, não aparece nas imagens
da audiência na Justiça Federal. Desde o início dos processos da Lava Jato, os depoimentos são gravados
em vídeo e áudio. A defesa de Ricardo Pessoa pediu para que seu rosto não fosse mostrado. Durante
a audiência, o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, instruiu o delator para que ele não
citasse políticos com foro privilegiado durante o depoimento.
Pessoa disse que seu primeiro contato na Diretoria de Serviços da Petrobrás foi Pedro Barusco, então
gerente de Engenharia e braço-direito de Renato Duque. “Depois, o próprio Duque me procurou e começou
a dizer que eu tinha que fazer contribuições políticas que essas contribuições teriam que ir através do Vaccari.”
O juiz Sérgio Moro perguntou “Essas contribuições eram como parte do acerto de propina?”.
“Sim, como parte, mais claro impossível”, respondeu o empreiteiro. “Eu depositava oficialmente
numa conta do Partido dos Trabalhadores.”
O juiz insistiu. “Essa contribuição vinha do acerto de propinas para a Diretoria de Serviços?”
O empreiteiro respondeu. “Sim, para mim eu estava pagando a Vaccari, a mesma coisa.”
O delator falou à Justiça como testemunha de acusação no processo em que são réus o presidente
da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos ligados ao grupo.
Presidente da UTC Engenharia, ele é apontado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal
como o presidente do ‘clube vip’ das empreiteiras que se apossaram de contratos bilionários da
Petrobrás entre 2004 e 2014. Questionado pelo Ministério Público Federal se havia feito pagamento
de propina a funcionários da estatal, o delator confirmou.
“Sim. Eu paguei para o Pedro Barusco (ex-gerente executivo da Petrobrás). Renato Duque sempre
me encaminhou para o senhor João Vaccari. Eu nunca dei propina na mão dos senhor Renato Duque.
Era sempre encaminhado o assunto para o senhor João Vaccari”, afirmou Ricardo Pessoa.
Vaccari. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
PT, PMDB e PP são suspeitos de lotear diretorias da Petrobrás para arrecadar entre 1% e 3%
de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos
com empreiteiras organizadas em cartel. O esquema instalado na estatal foi desbaratado pela
força-tarefa da Lava Jato.
Ricardo Pessoa contou que os valores-base para pagamento de propina era de 1% para
a Diretoria de Serviços, comandada por Duque, e para a Diretoria de Abastecimento, liderada
por Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato. “A referência inicial era para a Diretoria
de Serviços 1%, para a Diretoria de Abastecimento 1%. Mas isso era só referência. Caberia
a negociação depois de cada um. Eu, por exemplo sempre negociei o máximo que eu pude.”
Pessoa foi preso em novembro de 2014, na Operação Juízo Final, etapa da Lava Jato que derrubou
o braço empresarial do esquema de propinas na estatal. O delator foi para regime domiciliar
em março deste ano.
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Tags: João Vaccari Neto, operação Lava Jato, PT, Renato Duque, Ricardo Pessoa
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